Saiu o novo número da Revista Estratégia Internacional Brasil
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22/08/2011
A revista Estratégia Internacional Brasil chega ã sua quinta edição, e é parte dos esforços da Fração Trotskista – Quarta Internacional e de sua organização brasileira, a Liga Estratégia Revolucionária-QI, em tornar viva a tradição do marxismo revolucionário à luz dos novos desafios colocados. Este esforço teórico se liga à luta pela reconstrução do partido mundial da revolução, a IV Internacional, e de suas seções nacionais, como via de responder ã necessidade cada vez mais candente do avanço da classe trabalhadora no combate por sua emancipação.
Buscando responder a este desafio abrimos esta edição com um debate de estratégias no artigo `Nos limites da restauração Burguesa’. Estamos atravessando um momento de esgotamento do pacto neoliberal que primou nos anos predecessores. Este pacto havia conseguido impor uma relação de forças favorável ã burguesia imperialista, varrendo momentaneamente do imaginário das massas a idéia de revolução, não só a socialista, mas qualquer revolução como motor das transformações históricas. Entretanto, a partir da explosão da crise capitalista em 2008, as condições que garantiram a “restauração burguesa” começam a ruir. É neste cenário que se coloca a necessidade de analisar como a classe trabalhadora chega a esta nova situação, e de traçar um panorama crítico do uso do legado trotskista pelas organizações que o reivindicam. Este não é um debate histórico. Trata-se de uma discussão imprescindível para todos os que entendem como urgente restabelecer a estratégia necessária para a recomposição do marxismo revolucionário.
Traçamos também uma análise sobre as tendências postas para a economia internacional. Os países da União Européia fervilham frente ás novas ameaças de default. A economia italiana tenta evitar um aprofundamento da crise, votando um pacote que busca descarregar a crise capitalista nas costas dos trabalhadores e do povo. Esta situação se estende aos EUA, que vê-se novamente submerso na crise econômica. Apresentamos o artigo `As medidas de contenção se transformam em elos débeis’ que analisa os mecanismos atuantes na crise capitalista internacional, considerando que os pacotes de salvamento dos governos imperialistas aos bancos, corporações e instituições financeiras, e que custaram aos bolsos dos povos do mundo trilhões de dólares, não foram capazes de solucionar.
Como resultado disso se abre no mundo árabe um levante de massas. Este processo denominado primavera árabe confirma as tendências de recrudescimento da luta de classes. Rapidamente o imperialismo com a OTAN interveio na Líbia, demagogicamente justificando esta ação como se estivesse “defendo a democracia”. A intervenção da OTAN visa evitar a queda revolucionária de Muammar Kadafi, que poderia ter um efeito contagiante para os trabalhadores e as massas. Hoje estes levantes estão marcados pela possibilidade de uma confluência com um ressurgimento do conflito árabe-israelense. Caso isso aconteça, golpearia os interesses dos imperialismos, sobretudo o norte-americano. Esta situação atualiza a necessidade dos revolucionários debaterem teoria, programa e estratégia. No artigo `A primavera árabe e a inauguração de novos tempos - Um debate sobre os desafios programáticos e teóricos postos para os revolucionários’ traçamos um balanço do primeiro capítulo da primavera árabe, e uma polêmica com a esquerda no esforço de colaborar para este debate.
E no Brasil um pretenso desenvolvimento “autônomo” parecia ter sido confirmado pelos altos índices de crescimento e consumo. “Distribuição de renda”, “nova classe média” eram termos comuns nos meios para caracterizar o legado do presidente ex-operário petista, Lula. Crença esta que encontrou eco no plano interno, tendo em vista a eleição de Dilma Roussef, fabricada ás pressas pela cúpula do PT. Mas será que a euforia tem alguma base sólida o suficiente para se sustentar frente a novos aprofundamentos da crise capitalista ? No artigo “Qual ‘projeto de país’ ?” Entre o gradualismo reformista e as contradições estruturais do Brasil’ buscamos desvendar os reais pilares do crescimento lulista demonstrando que o crescimento recente brasileiro manteve, e alguns setores aprofundou, a dependência em relação ao capital estrangeiro, questão que já é tomada como uma ameaça cada vez mais próxima ao ciclo “virtuoso” dos anos Lula.
Também inserida num contexto de conjuntural estabilidade, a situação argentina é analisada a partir das disputas políticas abertas entre as frações da burguesia em torno da contenda eleitoral, e das pressões direitistas sobre os movimentos sociais e os trabalhadores. Entretanto, vemos como a situação política não se restringe ás tensões inter-burguesas. Emerge na Argentina uma alternativa, que apesar de minoritária frente aos grandes porta-vozes da burguesia, cumpre um papel importante para os trabalhadores. Trata-se da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, impulsionada pelo PTS, organização irmã da LER-QI, PO (Partido Obrero) e Izquierda Socialista. Em Neuquén, província em que se localiza a fábrica Zanon, ocupada e produzindo sob controle operário há dez anos, a FIT elegeu um deputado operário. Este é o resultado de uma prática política classista e combativa, da qual o PTS é parte. Refletimos esta experiência nesta publicação, avaliando que se trata de um importante exemplo para os trabalhadores e a esquerda de nosso país.
Oferecemos ao leitor duas elaborações que tratam de lições tiradas de importantes momentos da luta de classes no Velho Continente. Um primeiro constitui-se do balanço da luta contra a reforma da previdência imposta por Sarkozy, intitulado “Lições político-estratégicas do Outono Francês de 2010”, que coloca a importância de uma política revolucionária frente ás lutas da classe trabalhadora, e de como isso deve levar ao combate ã burocracia sindical. Também expressamos o balanço que a CCR/Plataforma 4 do Novo Partido Anticapitalista , impulsionada por independentes e militantes da FT, traçou mediante o último Congresso do NPA. Trazemos também uma entrevista com Santiago Lupe da organização Clase contra Clase, que atua no Estado Espanhol, onde a crise golpeia profundamente, que relata a experiência desenvolvida aí, com o combate para que a indignação vá das praças para as fábricas.
Com esta edição da revista Estratégia Internacional Brasil esperamos contribuir para os debates estratégicos, teóricos e táticos que as novas condições já estão colocando. Adiante !
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