A impotência da “pseudo nacionalização” feita pelo MAS
Bolivia: Falta gás!
19/06/2007 Palabra Obrera N°20
Nacionalização sem indenização e sob controle operário das petroleras!
Antes do governo anunciar, milhares de donas de casa já sabiam. A escassez alcança a indústria e o transporte. O governo anuncia decretos contra o contrabando, algo completamente insuficiente, pois deixa de lado as causas profundas do problema: a crise energética demonstra a estafa das capitalizações e a impotência da “pseudo nacionalização” masista. Nacionalização sem indenização e sob controle operário das petroleiras!
Falta gás para cozinhar em um país que possui enormes reservas gasíferas, que exporta gás por mais de 2 milhões de dólares e onde desde o 1° de maio de 2006 o governo anuncia a “nacionalização” dos hidrocarbonetos.
Quais são as razões de fundo?
As transnacionais (Petrobras, Repsol, Total e outras) que seguem dominando a produção de gás e petróleo buscam fazer o máximo negócio com a exportação e não têm o menor interesse em abastecer o mercado interno, praticam uma "greve de inversões" para pressionar e conspiram contra os interesses elementares do país e da população. Daí a escassez crônica do diesel, do gás e etc que tem se feito sentir várias vezes nos últimos anos e ameaça ser mais grave no próximo período.
Mas a política de “nacionalização inteligente” do governo de Evo Morales é apenas a renegociação de contratos com estas mesmas empresas, deixando em suas mãos o substancial da produção, comercialização e exportação. Tão satisfatórias são as condições, que as empresas festejaram os 44 novos contratos e no Congresso foi a oposição neoliberal a que garantiu sua aprovação parlamentar.
A recompra das destilerias pela Petrobras por 112 milhões de dólares, para criar a “YPFB Refinación Sociedad Anónima”, quando correspondia sua renacionalização sem indenização, é parte da tímida tentativa de recuperar certo controle nesta estratégica indústria, subordinado sempre ã colaboração com as transnacionais. Entretanto, a Bolívia deverá importar gás e outros combustíveis para suas necessidades elementares.
O governo não quer reconhecê-lo
Para não atingir as petroleiras nem reconhecer o fiasco de sua política, o governo aponta aos contrabandistas e aos pequenos especuladores. Estes são um problema real, mas não a causa de fundo. Além disso, sabe-se que o contrabando de garrafas ou de qualquer outra mercadoria em grande escala só é possível com a cumplicidade das empresas, as autoridades fronteiriças, militares e policiais, a quem o governo não quer atacar.
Não bastará um decreto “anticontrabando”. É urgente que os trabalhadores e o povo tomem em suas próprias mãos o problema, controlando a produção e distribuição de garrafas e combustíveis. Lembremos que nas Jornadas de Junho de 2005 os trabalhadores da planta de Senkhata, coordenando com as juntas de vezinhos de El Alto, começavam a aplicar este mecanismo para assegurar o abastecimento das famílias humildes.
Este é o caminho a se seguir. Que os trabalhadores petroleiros, coordenando com os sindicatos, as juntas de vizinhos, as comunidades e outras organizações populares assumam o estrito controle da produção e distribuição de gás e combustíveis, incautando imediatamente toda empresa ou distribuidora que se negue a produzir de acordo com a demanda ou "distraia" garrafões para o contrabando e a especulação.
Este será um primeira passo até a solução de fundo: a nacionalização sem indenização de todo o setor hidrocarborífero, sob controle dos trabalhadores e das organizações populares.