Contra o genocídio do estado terrorista de Israel! Nos colocamos ao lado do povo palestino!
28/12/2008
O Estado terrorista de Israel deflagrou a pior ofensiva militar sobre o povo palestino em 40 anos. Desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando o estado de Israel ampliou suas fronteiras ocupando territórios como a Cisjordânia e as Colinas de Golan, não se via uma ofensiva desta magnitude. Em apenas quatro dias de enfrentamento, já se contabilizam quase 400 mortos, dentre os quais há um imenso número de crianças. No dia 30/12 o governo assassino de Israel, liderado atualmente pela primeiro-ministro interino Ehud Olmert , declarou guerra na Faixa de Gaza, anunciando que seguirá assassinando o povo palestino. Sob o pretexto de que busca desarmar o aparato militar do Hamas - organização que havia sido eleita em 2006 e foi obrigada a se concentrar na Faixa de Gaza graças ã ofensiva de Israel combinada com a política conciliadora do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah - o estado de Israel após romper o tratado de cessar-fogo que estava vigente, posiciona centenas de tanques e centenas de milhares de soldados na fronteira de Gaza, mostrando sua disposição em seguir com o massacre, que conta com a complacência e o apoio dos principais imperialismos, a começar pelos EUA de Barack Obama, cujo silêncio atesta sua posição de salvaguardar os interesses de seu principal aliado na região.
Israel: tentativa de reverter sua debilidade pós derrota militar no Líbano
novo massacre desferido por Israel é em primeiro lugar uma ten tati va por parte deste de reverter sua debilidade regional que havia se tornada explícita após a derrota militar sofrida no conflito com o Hezbollah no Líbano em 2006. Por 34 dias Israel invadiu o sul do Líbano com ataques terrestres, aéreos e por mar, não conseguindo seu objetivo anunciado de "desarmar o Hezbollah", organização islà¢mica libanesa que assim como o Hamas se opõe ã existência do estado de Israel. O que se seguiu então foi o fortalecimento do Hezbollah no Líbano, que passou a ocupar um papel mais destacado na política do país, e mais importante que isso: demonstrou-se que o exército israelense, o mais equipado e preparado do mundo podia sofrer uma derrota. Isso se combinou ao crescente sentimento anti norte-americano na região, que dirigiu-se instantaneamente ao seu enclave, Israel cuja dominação regional sempre esteve baseada na pretensa invencibilidade de seu exército. Num contexto de enfraquecimento do imperialismo norte-americano no Oriente Médio, produto do pântano dos EUA no Iraque, o estado de Israel, principal porta-voz dos interesses do imperialismo na região, busca reconquistar sua posição a partir do massacre do povo palestino, aproveitando o interregno aberto pela transição do governo Bush ao do presidente recém eleito, Barack Obama.
Como afirmou artigo publicado no jornal norte-americano The New York Times em 29/12: "Israel tem preocupações maiores (que a derrota do Hamas). Teme que seus inimigos sintam menos medo de seu Exército hoje do que no passado. Líderes israelenses calculam que uma demonstração de poder em Gaza poderia resolver isso". Portanto, o massacre desferido por Israel busca disciplinar o povo palestino e todos os demais que se opõem de alguma maneira ã dominação israelense e dos EUA, sendo uma advertência também ao Irã, que se fortaleceu como potência regional no último período, ao Líbano do Hezbollah, não sendo apenas uma ofensiva contra o Hamas, muito embora seja crucial para o ilegítimo estado de Israel combater a ascensão desta organização como força política após o apodrecimento do Fatah, outrora organização mais importante da Autoridade Nacional Palestina, que atualmente mantém uma posição escandalosamente conciliadora e corrupta. O Fatah foi conivente com os anteriores cercos israelenses contra o Hamas na Faixa de Gaza, tais como suspensão da entrada de comida e mantimentos na região numa ten tati va de desestabilizar o Hamas e minar seu apoio, ações que penalizam ainda mais o povo palestino aprofundando sua miséria. A Faixa de Gaza é um território de apenas 362 km2, que concentra amontoados cerca de 1,5 milhão de palestinos que sofrem com um desemprego maior do que 35% e com um índice de pobreza absoluta de mais de 35%.
Em segundo lugar, a guerra declarada por Israel contra o povo palestino funciona internamente como uma ten tati va de recompor o carcomido regime israelense, que no último período esteve imerso em uma série de escândalos de corrupção e de disputas fratricidas após o debilitamento sofrido na ofensiva contra o Líbano. O massacre atual busca portanto, amenizar as contradições abertas com a tentativa de renúncia do primeiro-ministro Ehud Olmert do partido Kadima, mesmo de Tzipi Livni, por escândalos de corrupção quando veio ã tona em setembro de 2008 que este recebia propinas milionárias de empresários em troca de predileção de contratos firmados pelo governo israelense. Desde então, Tzipi Livini havia assumido o governo após o mês de setembro, e não conseguiu forjar uma nova equipe em tempo hábil, graças ás disputas fratricidas entre as forças políticas israelenses, o que desembocará nas eleições de 10 de fevereiro, mantendo Olmert como interino até essa data. Assim, a cúpula política dos principais partidos israelenses, desde o Partido Trabalhista do ministro da Defesa, Ehud Barak, até o de direita Likud, comandado pelo reacionário Benjamin Netanyahu, surgem unidas para tentar solucionar sua crise interna mediante o assassinato do povo palestino, tentando se moralizar frente á sua própria população e forçando uma saída que contribui ainda mais para uma guinada ã direita de amplos setores de israelenses, expressados hoje nos 81% de apoio da população israelense aos ataques na Faixa de Gaza. Como dissemos anteriormente: "Apesar da hipocrisia da burguesia sionista de se alçar como uma "civilização adiantada" e colonizadora no Oriente Médio, a geração mais proeminente de seus políticos encontra-se completamente corroída pela corrupção. Mesmo sua forte economia, cujo PIB se situa na 18° colocação mundial, avança aprofundando as contradições. Isso porque se dá graças a uma intensa exploração dos trabalhadores, e numa desigualdade social impressionante. Um milhão e meio de israelenses, de uma população total de sete milhões, vivem abaixo da linha da pobreza, enquanto que 40% da receita das 500 maiores empresas do país estão nas mãos de 19 famílias. Assim, vê-se que o estado de Israel se sustenta sobre uma dupla base: opressão dos palestinos e árabes, e superexploração de sua força de trabalho".
O ataque brutal sobre o povo palestino mostra que os objetivos de Israel atendem, portanto, a objetivos mais estratégicos. Com o aceleramento da decadência do imperialismo norte-americano, buscam reafirmar pela força sua dominação regional. Mostram a falácia de seu discurso de que o genocídio atual seria produto de "legítima defesa" contra o Hamas. Nem as declarações mais moderadas feitas pelo Hamas, que chegou a oferecer a Israel uma proposta de cessar-fogo há tempos atrás e havia feito menção de que poderia retroceder de seu programa histórico de combate ã existência do estado de Israel e a aceitar a proposta de constituição de dois estados, impediram Israel de avançar sobre o povo palestino.
Entretanto, a despeito da superioridade militar israelense, a guerra declarada ã Gaza pode abrir grandes contradições para o estado de Israel. O crescente sentimento anti-Israel e anti norte-americano já se refletiu em manifestações massivas no Líbano, onde o dirigente do Hezbollah, Hassan Nasrallah, defendeu a irrupção de "uma terceira Intifada na Palestina" numa manifestação que reuniu dezenas de milhares de libaneses em Beirute, enquanto no Irã já há cerca de 11 mil pessoas que se declararam dispostas a somar forças com o povo palestino em sua luta contra a ofensiva do estado terrorista de Israel, segundo associações do país. Mesmo países pró-imperialistas da região, como a Turquia - que abandonou o papel de mediador entre Israel e a Síria - foi obrigado a se declarar criticamente em relação ã ofensiva israelense. A situação regional tornou-se tensa, portanto, também para os países de governos mais abertamente pró-imperialistas da região, como o Egito e a Arábia Saudita , que podem ter que enfrentar resistências também no plano interno caso saiam a defender posições de condenação explícita contra o Hamas e a resistência palestina, que começa a se gestar. Neste sentido, a ofensiva israelense pode trazer como conseqüência o fortalecimento ainda maior de países como Irã no plano regional, e reacender a resistência palestina.
O papel reacionário das potências imperialistas
Desde que o massacre contra o povo palestino se iniciou há quatro dias, temos visto uma enxurrada de hipocrisia e cinismo por parte dos governos imperialistas europeus, e da mídia burguesa. O discurso de que "é necessário parar com na violência dos dois lados", busca igualar ridiculamente o genocídio perpetrado por Israel, um estado armado até os dentes com a ajuda do imperialismo norte-americano, que oprime todos os povos da região, com a legítima defesa do povo palestino e das organizações que lutam pela libertação da Palestina contra a invasão israelense. Assim, os governos imperialistas ao exortar a deixar de lado a violência "dos dois lados" em verdade buscam transformar as vítimas palestinas em algozes, como se a violência dos opressores fosse tão censurável quanto à legítima defesa dos oprimidos, mostrando que apesar de sua hipócrita retórica de "defensores da democracia" não hesitam em ser complacentes com a ofensiva do estado de Israel sobre o povo palestino que se intensificou desde que estes elegeram o Hamas democraticamente. Mostram que para eles a "democracia" permitida aos povos oprimidos não pode de nenhuma maneira questionar seus interesses. Esta retórica também é repetida pelo governo capacho de Lula, que declarou que "o Brasil exorta ambas as partes a cessarem de forma imediata os atos de hostilidade mútua" num intento de se alçar como um novo ator negociador no conflito. O governo alemão de Angela Merkel foi ainda mais longe: em suas declarações sequer cita as vítimas civis assassinadas por Israel. A mídia burguesa, tanto nacional quanto internacional, também reproduzem esta discussão reacionária, chegando por vezes a dar mais destaque para a morte de quatro israelenses que para os centenas de palestinos mortos nos últimos dias.
Como já era esperado, o governo dos EUA declarou total apoio ã ofensiva israelense: "Israel tem todo o direito de se defender", afirmou o porta-voz da Casa Branca. Mas esta não é a posição apenas do governo Bush, senão também do próprio governo recém-eleito de Barack Obama. O primeiro presidente negro dos EUA durante toda a sua campanha eleitoral havia reiterado inúmeras vezes que "os inimigos de Israel, seriam considerados inimigos dos EUA", tal como figurava em documento intitulado "Plataforma para o Oriente Médio" reafirmando que o combate a todas as organizações que se opusessem ã existência do estado de Israel teriam o apoio de seu governo. O silêncio atual do presidente eleito, que não disse palavra desde que o massacre começou, é uma demonstração desta política, assim como a declaração da sua assessoria de que "só há um presidente de cada vez". Aproveitando-se de que ainda não foi empossado, a negativa de Obama em se pronunciar atende ao objetivo de não se desgastar com a base que o elegeu mediante o esgotamento da política belicista de Bush, e por conta de seu discurso "multilateral". Entretanto, Obama já demonstrou que de pacifista não tem nada. Já anunciou claramente sua estratégia de mover-se do Iraque para o Afeganistão, mandando mais tropas para este país. No que diz respeito ã defesa do enclave imperialista, Israel, tampouco é diferente, muito embora tati camente na presente conjuntura tenha se utilizado da abstenção total como política. Porém, não se pode descartar que com o avanço do conflito, que pode se prolongar, Obama tenha que sair do ostracismo ampliando ainda mais as contradições que já começaram a aparecer, apesar de ainda serem iniciais, entre este e setores pacifistas e antiguerra que o apoiou, além de todos os que esperavam uma reversão mais profunda da política norte-americana no sentido multilateral e de privilégio das ações diplomáticas. Do ponto de vista internacional, a ofensiva israelense neste momento dificulta a política anunciada por Barack Obama de negociar com o Irã, na medida em que acirra enormemente as contradições regionais. Isso pode dificultar a situação para o presidente recém eleito, mostrando que a política "multilateral" de Obama é marcada por imensas contradições na medida em que apóia Israel e tenta aparecer mais apto á negociação com o Irã, questão que agora se encontra extremamente dificultada.
Por uma Palestina laica, socialista e não-racista: única forma de obter a paz na região
Contra o criminoso e reacionário discurso da burguesia de que haveria que parar a violência "dos dois lados", defendemos incondicionalmente o direito do povo palestino de resistir a mais este genocídio perpetrado pelo estado de Israel. Ao contrário dos que defendem que uma solução pacífica viria da paz negociada pelos organismos internacionais comandados pelo imperialismo, como a ONU, ou da política de "dois estados", que condenaria o povo palestino a ter que viver num estado fictício, sem nenhuma unidade territorial, sem reverter de maneira quali tati va a miséria a que hoje são submetidos, além de legitimar a invasão israelense e a presença do imperialismo na região, dizemos que só a derrocada do estado terrorista de Israel é que pode abrir uma nova perspectiva para a justa demanda do povo palestino. Como marxistas revolucionários nos colocamos em defesa da destruição do estado de Israel, pois se trata da garantia de um direito democrático elementar do povo palestino: a de poder trazer de volta os milhares de refugiados que hoje são obrigados e viver em assentamentos nos países vizinhos.
Entretanto, para que isso se concretize é preciso que a resistência palestina transborde os limites da estratégia de guerrilhas do Hamas, e a se transforme num levantamento armado de todo o povo palestino, que hoje resistem corajosamente aos tanques blindados de Israel com pedras e coquetéis molotov. Nós, revolucionários defendemos os militantes da resistência palestina frente ao Estado sionista, mas dizemos que é necessário superar da política de constituição de um estado teocrático defendido por direções como o Hamas e o Hezbollah. Esta estratégia não só liquida liberdades democráticas básicas, como oculta as profundas contradições de classe das sociedades islà¢micas, impedindo que a classe trabalhadora tome ã frente do processo na luta contra o imperialismo, e por uma política realmente independente. É preciso combater a ofensiva assassina de Israel mantendo a mais profunda independência das posições vergonhosas da burguesia árabe, que tem na cúpula do Fatah um dramático exemplo. Só transformando a resistência numa profunda guerra de libertação nacional contra a dominação israelense e imperialista, unindo os trabalhadores e massas de oprimidos árabes, é que se poderá apontar uma nova perspectiva, abrindo o caminho para a emergência de uma Palestina socialista, laica e não-racista, onde possam conviver em paz trabalhadores árabes e judeus.
Urgente
Repudiamos o massacre israelense contra o povo palestino
Nós da Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional denunciamos o brutal massacre que o Estado de Israel está desferindo contra o povo palestino. O assassinato de cerca de 200 palestinos na Faixa de Gaza mostra o caráter terrorista do Estado de Israel, que a despeito de sua hipócrita retórica democrática bombardeia sem hesitar a faixa de Gaza, assassinando civis, no intuito de derrubar o Hamas, eleito e que hoje controla a região. O Estado de Israel mostra que está baseado sobre a guerra preventiva, a tortura e o assassinato.
Fazemos nossas as palavras de Christian Castillo, dirigente do PTS [1] argentino de que “as declarações cúmplices dos governos imperialistas dos EUA e da União Européia querem transformar as vítimas em algozes. Não nos estranha já que são os mesmos estados que, entre outros territórios, mantém a ocupação colonial do Afeganistão e do Iraque”.
O povo palestino é um dos mais oprimidos do planeta. Enquanto o Estado de Israel ocupa cada vez mais territórios, os palestinos após a expulsão de suas terras são obrigados a viver em assentamentos da pior maneira possível, ou então a ocupar regiões como a Faixa de Gaza, um território com apenas 360 kilômetros quadrados. Nos solidarizamos com o povo palestino, e afirmamos que só é possível acabar de fato com sua opressão expulsando o imperialismo da região, destruindo o estado terrorista de Israel que desde a sua fundação salvaguarda os interesses do imperialismo na região, e pondo em pé uma Palestina operária e socialista na qual possam finalmente conviver em paz árabes e judeus.
São Paulo, 28 de dezembro de 2008
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional
NOTASADICIONALES
[1] Partido de los Trabajadores Socialistas, organização irmã da LER-QI na Argentina e integrante da Fração Trotskista - Quarta Internacional