A 65 ANOS DA NAKBA
Debate "Aos 65 anos da Nakba, aos 3 anos da primavera árabe" lota sala da USP
23/05/2013
No dia 21 de maio de 2013 realizou-se diante de uma ampla plateia que lotou a sala 8 da Ciências Sociais da USP um debate integrante do ciclo de discussões promovidos pela revista Estratégia Internacional Brasil em frente-única com o MOPAT. Estiveram na mesa Simone Ishibashi, militante da LER-QI e diretora da revista Estratégia Internacional Brasil, e Aiman Hindawi, ativista árabe-palestino da universidade de Haifa, e membro do Comitê dos Estudantes Árabes-palestinos nas universidades israelenses.
O debate iniciou-se com a fala de Aiman, que colocou o sentido da nakba (calamidade em árabe) palestina, expressando como a formação do Estado de Israel, votado na ONU em 1948 separou artificialmente os palestinos, condenando uma ampla maioria a viver em acampamentos. Aiman resgatou os principais momentos de todo o processo de expurgo palestino de 1948 até nossos dias, com a expulsão daquele povo de suas terras, detalhando como a nakba não fora apenas um momento ocorrido 65 anos atrás, mas que continua até hoje na medida em que segue sendo negado ao povo palestino o direito elementar de dispor de seu território histórico, garantia de retorno e de propriedade dos refugiados. Nesse sentido, trouxe também um rico relato sobre as diferenças a que são submetidos os próprios árabes que nasceram e vivem em solo israelense em relação ao conjunto da população judia de Israel. Também realizou precisões importantes, como o de que se opõem aos sionistas, não aos judeus, como muitas vezes quer fazer crer a propaganda veiculada na imprensa burguesa.
Em seguida, Simone Ishibashi complementou o relato histórico feito por Aiman sobre as bases da formação do Estado de Israel, tratando de demonstrar que se trata de um enclave imperialista moldado de acordo com os interesses dos Estados Unidos e da própria Grã-Bretanha, em aliança com as demais potências imperialistas, que se apropriou em chave reacionária da justa demanda dos judeus de não mais serem massacrados após a II Guerra Mundial. Neste sentido, buscou demonstrar como a máxima de que a Palestina seria “uma terra sem povo, para um povo sem terra” era uma verdadeira falácia, que buscava legitimar os interesses imperialistas na região. Abordou também a questão da política criminosa do PC da URSS, que sob a ordem de Stalin foi o segundo país a reconhecer a pretensa legitimidade do Estado de Israel, lançando a desmoralização aos trabalhadores árabes que se organizavam em diversos PCs dos países da região, o que favoreceu ao enfraquecimento de sua influência em favor de direções nacionalistas burguesas, como os Partidos Baaths sírio e iraquiano. Encerrou sua fala colocando a necessidade de resgatar a teoria da revolução permanente elaborada por Leon Trotsky como um guia para a ação, capaz de levar ã vitória os processos árabes abertos atualmente, bem como a luta pela libertação nacional palestina cuja libertação nacional em relação ã opressão imperialista deve culminar no fim do Estado de Israel, por uma Palestina laica, socialista e não-racista, tarefa esta que só pode ser realizada pela classe trabalhadora e pelo povo independente das direções burguesas.
O debate finalizou-se com as respostas ás questões do plenário, que abordaram outros processos abertos, como hoje na Síria, que a mesa coincidiu ser o mais contraditório até o momento, os problemas de se apoiar a intervenção da OTAN na Líbia, além da importância dos levantamentos no Egito e na Tunísia.