Brasil
Encontro Latino-americano da Conlutas
18/05/2008
A Conlutas está convocando para os dias 7 e 8 de julho em Betim a realização de um Encontro Latino-americano e Caribenho dos Trabalhadores. Entre os organizadores constam a Conlutas (Brasil), COB (Bolívia), Batay Ouvriye (Haiti), Tendência Classista e Combativa (corrente do movimento sindical uruguaio), e recentemente a corrente sindical venezuelana C-Cura de Orlando Chirino acaba de aderir ao chamado.
Em primeiro lugar, há que ressaltar que um encontro latino-americano deveria servir para armar a independência política dos trabalhadores em relação ã política conciliadora dos governos latino-americanos, sobretudo de Hugo Chávez e Evo Morales. Na Bolívia a classe trabalhadora e o povo vêm tendo que se enfrentar com a direita a despeito da política de pactuar com a direita levada ã frente por Evo Morales, ao passo que tem que enfrentar uma deterioração cada vez maior de suas condições de vida, produto da alta dos preços e da sabotagem patronal para pressionar o governo. A COB tem atuado neste processo de maneira completamente adaptada e conciliadora, primando pela abstenção no que diz respeito ã necessidade de armar os trabalhadores para sair ã ofensiva, para salvaguardar Evo Morales.
Neste sentido é de causar estranhamento, como mínimo, que a COB seja convocante do encontro. Não vemos, por outro lado, representados os setores que têm protagonizado as lutas mais combativas e processos antiburocráticos, como o Sindicato de Ceramistas de Neuquén, exemplo mais importante dentre as fábricas ocupadas e posta a produzir sob controle operário na Argentina, operários da Sanitarios Maracay e da exemplar luta da Sidor na Venezuela, ou os novos sindicatos organizados na Bolívia, muitas vezes sem nenhum apoio da COB.
Este encontro não servirá de nada se for apenas mais uma reunião superestrutural em que muito se fala de socialismo e classismo, mas se votam campanhas antiimperialistas em geral, ou de oposição abstrata aos governos neoliberais que não respondem na realidade ás necessidades da classe trabalhadora de resgatar a confiança em suas próprias forças, com seus métodos históricos de luta, e avançando em uma política de independência de classe. Para isso é fundamental que o Encontro Latino-americano da Conlutas se pronuncie claramente pela independência política em relação aos governos pós-neoliberais latino-americanos, como Chávez, Evo Morales, Lugo e Correa. Esta condição é indispensável para armar a classe trabalhadora para os combates que terão de dar em nome de seus interesses.