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Bolivia

Evo reprime, mas os mineiros e a COB seguem as paralisações e os bloqueios

13/05/2013

O governo de Evo Morales responde com um discurso macartista e repressão ã terceira jornada de paralisações e bloqueios da COB que questiona a lei de aposentadorias do MAS.

No dia 9 de maio a polícia de Evo Morales interveio em Caihuasi onde os 5 mil mineiros de Huanuni bloqueavam a rua entre Oruro e Cochabamba. Ante o ataque policial que provocou uma dezena de operários feridos a bala e 100 detidos, os mineiros dinamitaram a ponte. Ao fim desta jornada se reagruparam para definir os próximos passos em assembleia.

A terceira jornada de paralisação da COB teve os mineiros de Huanuni (já os de Colquiri haviam se enfrentado ã polícia em Caracollo na jornada anterior) como protagonistas centrai, ainda que também se mantiveram bloqueios em seis pontos do país.

No primeiro dia de greve haviam se destacado as mobilizações em Cochabamba, com a grande presença de operários como da indústria calçadista Manaco, e outras grandes que foram ã greve e protagonizaram bloqueios e enfrentamentos, junto aos trabalhadores da saúde e de professores cochabambino.

Em La Paz além de cortes em vários pontos da estrada, se manteve o bloqueio na região de Apacheta, na saída de El Alto, entre trabalhadores da saúde junto aos mineiros e da universidade Século XX de Llallagua. Os professores urbanos de La Paz, recentemente anunciam sua participação a partir de amanhã, depois das primeiras três jornadas. Se anuncia uma maior presença aos bloqueios e mobilizações.

Um salto na oposição operária ao governo

Não há ação da classe operária tão importante na Bolívia desde 2008. Por agora, também uma greve pela lei de pensões – mas naquele vez só sustentada pelos mineiros – culminou com dois operários assassinados e o retrocesso dos trabalhadores.

Ante um governo que estava fortalecido, após derrotar a insubordinação da oposição de direita na região conhecida como Meia Lua, a COB, sob a direção de Pedro Montes, deu um curso para a colaboração com o governo do MAS. Já em 2010 com a rebelião fabril na qual tiveram grande protagonismo os trabalhadores de El Alto, a classe começou a reivindicar o regime masista. Em 2012 os trabalhadores da saúde protagonizaram uma grande greve de resistência contra a tentativa de estender a jornada de trabalho nos hospitais. Estas jornadas que vivemos em maio de 2013 são um exercício maior das mais amplas camadas da classe operária em oposição ao governo de Evo Morales.

Um governo anti-operário

Evo Morales e García Linera construíram, certamente, um grande “aparato de propaganda”. Desde os meios oficiais se lançou uma campanha macarthista para condenar a ação dos trabalhadores. Assombrosamente, os ministros do trabalho, Santalla ou o vice-ministro de aposentadorias, Guillén, do “processo de mudança” falam como qualquer funcionário de governos neoliberais defendendo a “mestiçagem” feita pelo MAS na Lei de Pensões que mantém o velho sistema de capitalização dos anos 1990 sem aportes patronais, para compensar um “fundo solidário” onde aportam os próprios trabalhadores e os empresários só uns 3%.

Com a lei de Evo Morales um mineiro que hoje gana 12.000 bolivianos, se aposentadoria com 4000, e uma professora de 33 anos de aportes com 2500. A COB reivindica uma aposentadoria mínima de 8000 bolivianos para os mineiros e 5000 para o resto dos trabalhadores. A denúncia já é massiva, que foi tomada pela COB, que os militares se aposentaram com 100% de seu último salário segundo um decreto da ditadura de Banzer vigente no “Estado plurinacional”. A COB reivindica negociar só com Evo Morales e García Linera, pede a renúncia do Ministro do Trabalho e o vice das aposentadorias, mas o governo rechaçou tal demanda e denuncia aos dirigentes sindicais de “usar uma linguagem golpista”.

Ruptura política

Por mais que o governo do MAS tente aproximar a ação da COB com os desafios de “desestabilização” que a direita costuma lançar, sua verdadeira preocupação é o surgimento de uma oposição por esquerda. Para os dias 24 e 25 de maior se prepara em Oruro no segundo Congresso do Partido de Trabalhadores nascido desde os sindicatos da COB.

O MAS vinha operando desde dentro da central operária para abortá-lo ou transformá-lo em um instrumento dócil. A experiência que estão fazendo os trabalhadores com Evo em torno da Lei de Pensões, girou o centro de gravidade da COB para os setores dos sindicatos mais independentes do governo. A LOR-CI está participando nos bloqueios e mobilizações de La Paz, Cochabamba e Oruro, e distribuindo o jornal Palabra Obrera.

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