Brasil
Fortalecer a greve em cada escola, unificar com os professores municipais!
06/05/2013
Por Professores Pela Base
Panfleto da Corrente Professores pela Base distribuido na última assembleia, dia 3 de maio
Nessa sexta, completam-se 2 semanas de nossa greve. O descontentamento da categoria fica evidente na força e energia de mais de 20 mil professores dispostos pelas ruas de São Paulo no último ato, e no dia-a-dia com a construção de nossa greve por todo o estado.
Nossa raiva contra Alckmin é a expressão de quase 2 décadas de governos tucanos acabando com direitos e precarizando a educação pública. Um governo mentiroso, que com seu frio e calculista secretário de educação Herman Voorwald, buscam deslegitimar nossa luta. Mas não conseguem: nossas escolas seguem caindo aos pedaços; faltam livros e infra-estrutura; salas de aulas superlotadas; falta de funcionários e professores; tudo isso não pode ser escondido de milhões de estudantes, mães e pais que apoiam nossa greve.
Essa não é uma luta isolada: estudantes em todo o interior de São Paulo também se mobilizam contra os ataques de Alckmin/Herman a educação, e uma forte luta estudantil ganha força na Unesp, começando por Marília, Ourinhos, Assis e que pode avançar para outras cidades.
O governo mente: contam com apoio de seus capachos das grandes mídias, que tem a cara de pau de falar que éramos 500 professores na última sexta, quando cerca de 20 mil se manifestavam. Dizem que não existem professores em greve, que as escolas funcionam normalmente. Isso não é verdade: apesar das dificuldades e da paralisia da direção de nosso sindicato, e mesmo com muito assédio, professores categoria O e F também dizem basta a tanta precariedade!
Municipais em luta: unificar a luta contra os ataques de Alckmin e Hadadd
Com 100 dias de governo petista na capital, já fica claro aos professores para quem irá governar Haddad. O prefeito mostra como “valoriza” os profissionais de educação da capital: se nega a cumprir o acordo assinado por Kassab, e propõe de reajuste 0,82% de aumento, logo um ex-ministro da educação! Um pouco parecido com as “moedas” oferecidas por Alckmin, não?
Apesar da ilusão de muitos trabalhadores que sofreram nos últimos anos nas garras dos tucanos e de Kassab, Hadadd e o PT deixam claro que governarão para os grandes empresários, e não para os trabalhadores. Dilma tanto falou da educação no 1° de maio pois o PT não resolveu problemas estruturais da educação em 1 década de governo! Não é só em São Paulo que segue o analfabetismo funcional, professores desvalorizados, parcerias-público privadas: os problemas de nossa educação são nacionais, e por isso professores se mobilizam em todo o país contra governos tucanos, petistas e de outros partidos. A “merreca” oferecida aos professores, enquanto irão aumentar o metrô e ônibus no próximo mês, com as propostas de PPPs na educação, são só dois pequenos exemplos do que os trabalhadores da capital podem esperar de “trabalho coordenado” entre Alckmin e Hadadd. Mas os professores aprenderam a lição, e disseram: se é assim, é greve!
Devemos unificar as lutas: organizar uma jornada unificada na capital ao longo da próxima semana, com debates e atos regionais entre professores municipais e estaduais pela cidade e escolas, culminando na próxima sexta, dia 10, com um ato estadual dos setores em luta pela educação e do funcionalismo, coordenando a luta da rede estadual, dos municipais e dos estudantes da Unesp junto com os trabalhadores da saúde em greve, que entre outras coisas lutam contra a privatização da saúde e de nosso Hospital do Servidor.
Sabemos que só a força de nossa categoria irá obrigar essa unificação, já que Bebel e o PT farão de tudo para proteger Hadadd e não unificar os trabalhadores. A Oposição Alternativa, junto com os outros setores de Oposição, deve colocar todos seus esforços para buscar unificar tais lutas. Se organizamos isso, nossa luta se fortalece e a Paulista vai ficar pequena!
Ganhar as escolas, organizar fundo de greve!
Não temos dúvida de nossa capacidade, mas é preciso nos preparar para dobrar esse governo. É necessário ver claramente os rumos da luta até agora, para avaliar nossos passos. Se essas duas semanas de greve nos mostram que existe rechaço e raiva contra Alckmin, também fica claro que a desilusão e desconfiança contra a direção de nosso sindicato tem impedido o avanço da adesão a greve.
Essa desconfiança não é a toa: fomos derrotados na última greve, e a direção da APEOSP deu de bandeja nosso corte de ponto, iludindo os professores em uma mesa de negociação que só serviu para nos desarticular. Alckmin tentará nos vencer pelo cansaço, e espera que os professores “sintam no bolso” a greve para nos desorganizar. Não basta falar alto no carro de som, inflamar os professores, e não organizar democraticamente os professores junto com a comunidade escolar no dia-a-dia. As palavras que defendem a necessidade de ampliação da greve esbarra em um método burocrático. Casos graves vem sendo denunciados por professores como subsedes fechadas, conselheiros estaduais furando greve... Basta! A direção da Apeoesp deve colocar toda a força de nosso sindicato, nosso instrumento de organização e luta, realmente a serviço da organização e mobilização dos professores!
Só a força real vai garantir a estabilidade e os mesmo direitos para todas categorias, o que na nossa opinião só pode ser conseguido até o final com a luta pela efetivação de todos os professores, garantindo todos os direitos de carreira e estabilidade para O e F. É necessário arrancar os 36,7% de aumento para repor todas as perdas dos últimos anos, e obrigar esse governo a implementar imediatamente 1/3 de nossa jornada fora da sala de aula(lei do piso), para melhorar nossas condições de estudo e ensino, ainda que devemos lutar pela histórica e necessária demanda de 50% do trabalho fora da sala de aula.
A direção majoritária da Apeoesp(Artnova/PT,ArtSind e PcdoB), com a conivência, infelizmente, da maioria da Oposição, tenta modificar nossa pauta sem nem ter sido votada. Tentam pressionar Alckmin por mais 5%, sem que isso tenha sequer sido debatido em nossa assembleia, em uma postura anti-democratica, acordada a portas fechadas em reuniões do Conselho Estadual de Representantes(CER), e que prepara o terreno para negociar por nossas costas.
É preciso garantir democracia para que os professores decidam os rumos de nossa luta: não podemos mais aceitar que apenas 10 falem em nome de 20 mil durante toda assembleia e ato. Basta! Caminhão andando, professor falando: microfone aberto já para que todo o professor tenha direito de se expressar! “Ei Bebel, saí do caminhão, e vem construir nossa greve aqui do chão!”
“Greve efetiva, com mobilização, é só pela base que se muda a educação!”
Precisamos de democracia e de um plano de luta pra vencer. É necessário em cada escola, em cada subsede organizar atividades de greve, atos regionais, só assim aumentaremos a adesão de professores e ganhamos a solidariedade da comunidade escolar.
É preciso que a Apeoesp comece a organizar imediatamente fundo de greve, ganhando a população para contribuir com nossa luta, estender a solidariedade a outras categorias, preparar nossa luta para cenários mais duros e ganhar a confiança daqueles que hoje não lutam por medo. Junto com isso, é fundamental fortalecermos a campanha contra o assedio moral de coordenadores e diretores, que ganharam aumentos maiores para tentar nos amordaçar. A greve é nossa!
O destino de nossa greve não pode depender da burocracia que dirige majoritariamente o sindicato. Ela já deu inúmeras amostras que só pode preparar novas derrotas. Por isso devemos lutar por comandos de greve verdadeiramente democráticos e representativos dos grevistas, organizados desde as escolas. A greve organizada desde a base é a melhor maneira de nos defendermos dos assédios feitos pelas diretorias e diretores a mando do governo, é a possibilidade que temos para impedir a traição de nossa luta.
Precisamos de assembleias públicas em cada cidade no começo da semana, para massificar nossa luta, organizar os comandos de greve, atos regionais, fundo de greve e levar nossa luta a vitória!