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Eleições na Argentina

Frente de esquerda entre o PTS, o MAS e a Izquierda Socialista

03/09/2007

No sábado, 25 de agosto, conformou-se uma frente de esquerda entre o PTS, o MAS e a Izquierda Socialista com a chapa presidencial de José Montes e Héctor Heberling.
Segundo a plataforma acordada pelas três forças, esta frente, a única de esquerda frente ás eleições do dia 28 de outubro, levantará como uma de suas principais bandeiras a " independência política dos trabalhadores".
Dentre as principais candidaturas, a frente de esquerda conta com Christian Castillo, Carlos Platkowsky, Andrés Blanco e Chiche Hernández, do PTS, tomando a frente nas listas de deputados nacionais na Cidade de Buenos Aires, Província de Buenos Aires, Neuquén e Santa Fe, respectivamente; Daniel Fernández como governador de Buenos Aires e Alcides Christiansen como prefeito da Cidade de Neuquén, ambos do MAS, e Rubén "Pollo" Sobrero, José Castillo e Angélica Lagunas da Izquierda Socialista, como candidatos para outros cargos.

Esta aliança da esquerda classista se inscreverá frente ã Justiça Eleitoral sob o nome de "Frente de Esquerda e dos Trabalhadores pelo Socialismo " e apresentará candidatos em províncias que representam mais de 80% do padrão nacional.

Segue a Declaração Política acordada entre as três forças.

Secretaria de Imprensa do PTS
26/8/2007

Declaração da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores pelo Socialismo (PTS-MAS-Izquierda Socialista)

Após quatro anos de governo de Kirchner, a classe dominante pretende utilizar estas eleições para tentar consolidar um regime de dominação política mais estável, que lhe permita continuar obtendo lucros exorbitantes a serviço das multinacionais e do FMI ás custas da exploração da classe trabalhadora e do povo.

O governo especula sobre de que maneira o crescimento econômico pode permitir Cristina Fernández a sobrelevar a atual crise política e chegar ao triunfo no primeiro turno. Mas a crise financeira e bancária internacional, junto ás lutas operárias e populares, podem acelerar os ritmos e abrir novas e mais profundas crises políticas. Cristina se apresenta como “continuidade dos avanços” do governo, e se propõe como verdadeira porta-bandeira dos grandes empresários nacionais e estrangeiros, como declarou recentemente no Council of America e em suas viagens ao exterior. Parte íntima desta orientação é a já antecipada política de Pacto Social. Por meio desta, em acordo com os empresários e as conduções burocráticas da CGT e da CTA, pretenderão deslocar os trabalhadores os custos da deterioração econômica que vem se expressando, bem como “discipliná-los” no momento que tentarem sair à luta.

Enquanto isso, setores da oposição patronal (como Lavagna, Carrió, López Murphy, e os inapresentáveis menemistas), visam capitalizar os últimos escândalos do elenco governamental com expectativas de chegar ao segundo turno. É nítido que tanto a candidata presidencial governista como os candidatos de oposição patronal não se diferenciam substancialmente da atual política econômica. Todos defendem os “pisos salariais” negociados entre os dirigentes burocráticos da CGT e da CTA, defendendo o fim da dupla indenização, a continuidade do pagamento da dívida externa, mantendo os recursos estratégicos nas mãos dos sanguessugas do setor privado. A partir de outubro, todos pretendem tomar medidas que esvaziem o bolso operário e popular. A partir de outubro, a população trabalhadora, que observa o seu salário se dissolver cada vez mais pela inflação, não pode esperar nenhuma solução ás suas demandas mais sentidas de candidatos completamente comprometidos com os interesses dos grandes empresários. O atentado criminoso do kirchnerista Varizat em Río Gallegos torna a ratificar que faz parte dos métodos do governo: repressão seletiva contra os que lutam por seus direitos, seja de forma estatal ou paraestatal. As forças da Polícia não estão apenas nas ruas de Río Gallegos. Há meses, também ocupam o Hospital Francês para sufocar a luta de seus trabalhadores e trabalhadoras, enquanto os trabalhadores e trabalhadoras do INDEC foram reprimidos pela Polícia Federal, sendo impedidos de colocar uma carpa na denúncia a uma nova publicação de índices “falsos”, enquanto militantes de outras organizações foram literalmente caçados pelas forças repressivas devido ã manifestação.

Este governo, seguindo a agenda da direita, sancionou a “Lei Anti-terrorista” que classifica qualquer organização que questione a ordem dos exploradores como potencial perigo legal. Uma lei mandatada pelo Departamento de Estado ianque. Por outro lado, se aproxima o primeiro aniversário, faz um ano desde que forças criminosas amparadas pelo Estado seqüestraram Jorge Julio López. O governismo encobre de fato os seus capturadores, já que uma verdadeira investigação implicaria na desarticulação das forças repressivas. A oposição patronal, junto ã Igreja, exige diretamente uma reconciliação aberta com os genocidas, e eles não fizeram mais que amparar Sobisch.

A classe operária liberta duras lutas

Nos últimos quatro anos, a classe trabalhadora realizou importantes experiências de luta e organização e vem se recompondo socialmente. Este ano crescentes conflitos desafiam o teto salarial imposto pelo acordo governo-patronal-burocracia sindical, tanto entre os professores e funcionários públicos, como entre trabalhadores da indústria e do setor de serviços. Greves de professores de Neuquén, Santa Cruz, Salta, Entre Ríos e de seções opositoras dos SUTEBAs e outras províncias; como Mafissa, Fate, os pescadores de Puerto Deseado, os químicos de Zárate-Campana, o Casino Flotante e os ferroviários, passando pela resistência ã intervenção kirchnerista dos trabalhadores do Indec ou dos trabalhadores do Hospital Francês contra as demissões dos que enfrentaram o esvaziamento. Também assistimos uma série de processos de reorganização antiburocrática em vários pontos do país. Recentemente, assistimos uma paralisação geral na província de Santa Cruz, em repúdio ao governo kirchnerista e seus funcionários assassinos.
Estas lutas e processos de reorganização correm o risco de sofrer um desvio orquestrado pelas forças que procuram evitar que os trabalhadores atuem e lutem de forma independente de toda variante burguesa.
Hoje mesmo em Santa Cruz, a rebelião dos professores e funcionários públicos tende a ser capitalizada pelo bispo católico, o velho gorila do partido radical, para levar esta luta a uma estrada morta, através do chamado ao “diálogo social” com os repressores e entreguistas dos recursos naturais - como expressa o documento da Multisetorial de Río Gallegos-, enquanto as direções da CGT e da CTA abandonam esses companheiros ã sua própria sorte. A necessidade de conformar um pólo pela independência de classe surge a cada passo da luta de classes em nosso país.

Pela independência política dos trabalhadores

O PTS, o novo MAS e a Esquerda Socialista, apesar de nossas diferenças, apostamos que a força social dos trabalhadores em sua luta, organização e peso social, expressem no plano político, uma alternativa responda ás necessidades imperiosas do conjunto da sociedade frente ao decadente capitalismo semi-colonial argentino. Procuramos evitar que o desgaste do governo seja capitalizado por variantes burguesas de direita ou de centro-esquerda, como a nova empreitada de conciliação de classes propostas por Fernando Solanas e Claudio Lozano, promovida pelo MST. Nesse sentido, que colocamos a importância de aproveitar a instância eleitoral de outubro para projetar a necessidade de lograr a independência política da classe trabalhadora. Chamamos os grupos e organizações operárias combativas, os ativistas antiburocráticos, os setores do movimento estudantil combativo e os partidos que se reivindicam operários e socialistas, a conformar um pólo por esta saída.

A resposta que daremos no terreno eleitoral pela esquerda operária e socialista deve ser um ponto de apoio neste sentido, tendo em vista a construção de uma alternativa socialista e revolucionária, lutando para que os trabalhadores e as trabalhadoras passem a ser os protagonistas da política nacional.

Uma frente de esquerda dos Trabalhadores

Nós, do PTS, o novo MAS e a Esquerda Socialista concretizamos um acordo eleitoral em defesa da independência de classe frente aos partidos patronais, para ajudar a elevar a atual luta reivindicativa dos trabalhadores na luta política, sem alimentar nenhuma confiança nos mecanismos desta democracia patronal. Há meses, temos chamado publicamente o Partido Obrero a tomar parte em uma alternativa unitária, porém, lamentavelmente, a resposta fora negativa, impedindo que apresentássemos uma fórmula comum da esquerda classista para estas eleições.

Nossa Frente levanta as seguintes propostas: salário e aposentadorias mínimas equivalentes ao custo da cesta básica familiar ($ 2.800), mensalmente indexado de acordo com o aumento real do custo de vida. Eleições livres envolvendo todos os trabalhadores, com delegados eleitos em assembléia. 82% móvel aos aposentados. Anulação da aposentadoria privada e expropriação das AFJP. Eliminação do IVA da cesta familiar. Redução da jornada de trabalho a 6 horas para garantir trabalho para todos e subsídio universal aos desempregados de $1.200. Pase a planta permanente dos contratados, pasantes e trabalhadores informais e anulação de todas as leis e decretos de flexibilização do trabalho. Pela coordenação entre os setores em luta com os métodos da democracia operária; a unidade de classe entre empregados e desempregados; a necessidade de recuperar as comissões internas, corpos de delegados e sindicatos, derrotando a burocracia sindical. Fora a burocracia sindical, os Moyano e os Yasky da CGT e da CTA. Que as ditas Centrais rompam com o pacto com o governo e com as patronais e defendam um plano de luta nacional. Por novos dirigentes operários, classistas, antiburocráticos e combativos. Não ao “Pacto Social” de Cristina contra os trabalhadores, traçado entre o governo, os grandes empresários e a burocracia sindical. Salientamos a necessidade de uma grande mobilização e luta nacional pelo não pagamento da dívida externa para aumentar os pressupostos de saúde e educação, promovendo um plano de obras públicas sob o controle dos trabalhadores. Verbas para salário, trabalho, saúde, educação e moradia, não para a dívida externa. Pela reestatização sem indenização de todas as empresas privadas sob o controle de trabalhadores e usuários. Não à lei anti-educativa e privatista de Kirchner-Filmus. Educação nacional única, estatal, gratuita e laica. Por um sistema de saúde estatal único e gratuito, sob o controle dos trabalhadores. Estamos na linha de frente na defesa do Hotel Bauen sob gestão de seus trabalhadores e trabalhadoras. Pela expropriação definitiva de Zanon e de todas as fábricas recuperadas. Na defesa de um Hospital Francês estatizado, com toda a sua equipe, sob o controle dos trabalhadores.

A Frente impulsiona a luta democrática pela aparição com vida de Jorge Julio López. Juízo e castigo a todos os genocidas e cada um dos responsáveis militares, policiais, civis e eclesiásticos dos 30 mil desaparecidos. Alulação dos indultos aos genocidas. Anulação da lei anti-terrorista. Liberdade a todos os presos políticos. Anistia ou desprocessamento dos lutadores populares. Castigo aos assassinos do gatilho fácil. Punição aos assassinos materiais e políticos de Carlos Fuentealba. Punição a Isabel Perón e aos responsáveis pelos crimes da “Triple A”. Direito ao aborto seguro, livre e gratuito nos hospitais públicos. Anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer. Liberdade imediata a Romina Tejerina.

Exigimos a imediata retirada das tropas argentinas do Haiti, e das tropas imperialistas do Iraque e do Oriente Médio. Solidarizamos-nos com os povos do mundo que lutam contra o imperialismo e os planos capitalistas dos governos de turno. Defendemos Cuba e a Venezuela de todo e qualquer ataque do imperialismo. Contra o “socialismo com empresários” que propõe Hugo Chávez, brigamos pela organização política e sindical independente dos trabalhadores na Venezuela, para lutar verdadeiramente contra a patronal e o imperialismo.

Todas estas reivindicações levam ao enfrentamento com o governo, com o regime e com o Estado capitalista, promovendo a unidade dos trabalhadores e povos oprimidos da América Latina e do mundo. Sua resolução sólida e definitiva só será possível com um governo dos trabalhadores e do povo, capaz de impulsionar a luta internacionalista da classe operária para lograr a Federação das Repúblicas Socialistas da América Latina.
Chamamos os trabalhadores e os demais setores populares a apoiar ativamente estas propostas, os candidatos da Frente de Esquerda e os Trabalhadores pelo Socialismo.
Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) - Movimiento ao Socialismo (MAS) - Esquerda Socialista (IS)

Buenos Aires, 25 de agosto de 2007

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