Buenos Aires
Grande ato de encerramento da Conferência Internacionalista
05/08/2008
Videos online: Ato de encerramento da Conferência Internacionalista
Entre 20 e 27 de julho, realizou-se em Buenos Aires a V Conferência da Fração Trotskista- Quarta Internacional, com a participação de delegações da LOR-CI da Bolívia, LER-QI do Brasil, Clase contra Clase do Chile, LTS do México, LTS da Venezuela, Clase contra Clase do Estado Espanhól, PTS da Argentina e companheiros da Alemanha e da Itália.
Também participaram os companheiros da Liga de la Revolución Socialista da Costa Rica, que se incorporou como seção da FT e do grupo CRI (Groupe Communiste Révolutionnaire Internationaliste) da França, que será incorporado como seção simpatizante.
Os delegados discutiram intensamente durante uma semana os documentos submetidos ao debate sobre a economia mundial e a situação do imperialismo; a situação do movimento operário, a luta de classes e o marxismo; e a situação na América Latina. Dentro em breve esses documentos estarão disponíveis na internet.
A Conferência se iniciou com duas sessões nas quais discutimos sobre o estado atual da economia, as razões estruturais que está por trás da crise atual e o fenômeno atípico dos últimos anos nos quais se recuperou a taxa de lucro mas com uma débil acumulação capitalista; os fenômenos mais conjunturais da situação econômica, notavelmente o regate estatal das duas maiores hipotecárias norte-americanas, e as implicações que essas quebras podem ter sobre o sistema bancário e a economia mais em geral; o papel da China na recuperação econômica dos últimos anos, mas assinalando que, por tratar-se de um país dependente dos investimentos estrangeiros, que deve seu lugar na economia mundial a sua enorme reserva de mão-de-obra barata, não pode cumprir o papel que muitos analistas esperam que cumpra. A importante discussão sobre as causas e prováveis conseqüências da crise em curso, culminou com o debate em torno das perspectivas que se abrem tendo em conta que, diferente das últimas crises (como a de 2000-2001), essa mostra contradições maiores no coração do capitalismo mundial e, de agravar-se e transformar-se em recessão aberta e generalizada, trará maiores tensões entre os estados e a uma agudização da luta de classes.
O outro grande tema de discussão foi a situação da classe operária, seu nível de organização e a situação do marxismo revolucionário.
Partimos da definição de que nos últimos anos houve uma recomposição social e sindical da classe operária, comparado com os anos do neoliberalismo, mas que isso não tem dado lugar algum ao surgimento de tendências significativas ã independência política da classe operária nem a correntes revolucionárias. Essa debilidade política é produto das derrotas sofridas depois do ascenso revolucionário de 1968-81, traído pelas direções históricas do movimento operário, que permitiram a ofensiva neoliberal inaugurada por Reagan e Thatcher no começo dos anos 1980 e redobrada depois da restauração capitalista na ex-URSS, no Leste europeu e na China. Isso implicou um importante retrocesso nos níveis de luta, de organização e também de consciência de classe dos trabalhadores, sobre o qual se apoio a propaganda capitalista para banir a perspectiva de revolução social da luta dos explorados.
A crise econômica em curso abrirá sem dúvida novas perspectivas no terreno da luta de classes e dará lugar a fenômenos radicalizados, para o qual nos preparamos desde já, mediante a luta teórica, ideológica, estratégica e política pela construção de partidos revolucionários e a reconstrução da IV Internacional.
A Conferência também debateu a situação e perspectivas que se abrem para a América Latina, no marco dos efeitos da crise da economia mundial, do desgaste dos governos populistas como o de Evo Morales ou o de Chávez e do surgimento de uma nova direita que busca apropriar-se da maior parte da renda produzida pelos recursos naturais e matérias primas, como os hidrocarbonetos e os alimentos que já levou a enfrentamentos políticos entre frações da classe dominante, como por exemplo o conflito entre o governo e as patronais agrárias na Argentina. E sobretudo, partindo de alguns elementos como a luta dos trabalhadores da Sidor na Venezuela, discutimos sobre as possibilidades de que se desenvolvam conflitos operários a um nível superior do que temos visto até agora, e setores dos trabalhadores processem pela esquerda sua experiência com os governos "nacionais e populares".
Por último, nessa conferência se incorporou como seção da FT a Liga de la Revolución Socialista da Costa Rica, depois de um processo de discussão, no qual temos abordado as principais questões de estratégia, programa e política.
Também se incorporou como seção simpatizante da FT o grupo CRI da França, a partir dos importantes acordos tento estratégicos como políticos, ainda que persistam algumas diferenças significativas que abordaremos no próximo período, ao mesmo tempo que atuamos tanto na França como a nível internacional. A Conferência votou também quatro campanhas internacionais: contra as perseguições aos trabalhadores e trbalhadoras imigrantes, contra a presença das tropas brasileiras, argentinas, uruguaias, chilenas e bolivianas no Haiti, o apoio à luta de Zanon sob controle operário por sua expropiação definitiva e pela construção da IV Internacional a 70 anos de sua fundação.
A Conferência terminou com um ato que se realizou dia 26 de julho na Federação de Box, ante um auditório operário e estudantil que encheu as instalações e expressou seu entusiasmo revolucionário frente as saudações e intervenções dos distintos grupos que tomaram a palavra.