Argentina - LEAR
Grande jornada nacional de luta contra as demissões na autopeças Lear
09/07/2014
Com cortes e bloqueios de ruas e acessos em várias cidades do país, realizou-se hoje uma grande jornada nacional de luta contra as demissões na fábrica de autopeças norteamericana Lear Corporation, causa que motivou o apoio da CGT Hugo Moyano [1] e a presença do deputado Facundo Moyano esta manhã nas portas desta fábrica na localidade de General Pacheco.
O enorme destacamento de tropas da polícia federal e de Buenos Aires, e a aberta repressão no quilômetro 35 da avenida Panamericana, não impediu que milhares de trabalhadores, estudantes, organizações de mulheres, referentes dos organismos de direitos humanos e militantes da esquerda de todo o país se mobilizassem para exigir a imediata reincorporação dos 100 demitidos, o fim das 100 suspensões sem pagamento de salário e o reconhecimento da Comissão Interna dos trabalhadores, a cujos membros esta empresa norteamericana não deixa ingressar na planta.
Pela manhã os trabalhadores de Lear junto a organizações solidárias decidiram o não ingresso na fábrica do conjunto dos trabalhadores, paralisando todas as atividades da empresa. Ao não poder manifestar-se na Panamericana em frente a Lear (quilômetro 31), distintas organizações solidárias decidiram manifestar-se no quilômetro 35, na interseção com a avenida Henry Ford, um lugar onde costumam bloquear os operários de Kraft. Uma hora depois chegaram os efetivos da polícia federal e, sem mediar negociação alguma, utilizaram a violência contra os manifestantes que, encabeçados pela neta de desaparecidos na ditadura militar, Maria Victoria Moyano, e pelo presidente do Centro de Profissionais pelos Direitos Humanos da capital, Carlos Platkowski, tentaram resistir pacificamente a avançada repressiva, provocando golpes e impactos por balas de borracha, da mesma forma que a centenas de manifestantes. A polícia federal, coordenada com a polícia de Buenos Aires, deteve cinco trabalhadores e estudantes que se encontravam reclusos em uma dependência da polícia federal enquanto advogados dos organismos de direitos humanos exigem sua imediata liberação [2]. Os manifestantes reprimidos se reagruparam e conseguiram chegar marcando a Lear, onde se confundiram em abraços com os trabalhadores que bloqueavam a planta ao grito de “unidade dos trabalhadores, e à quele que isso desagrada, que se dane!”, e “vamos voltar!”. Ali, os referentes da comissão interna agradeceram a solidariedade ativa manifestada nesta jornada e todos se comprometeram a seguir esta luta contra a “patronal abutre de Lear”, enquanto se criticou duramente “a atitude pró-patronal da diretoria do SMATA [3]”.
Entretanto, inteirados da repressão e das detenções, centros acadêmicos e organizações de trabalhadores decidiram realizar um bloqueio de rua em Callao e Corrientes pela manhã. Os bloqueios de ruas e acessos se realizaram na Panamericana, Puente Pueyrredón, Callao y Corrientes, Rosario, Córdoba, Tucumán, Mendoza, Jujuy e outras províncias. Os deputados, legisladores e vereadores da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores se fizeram presentes em distintos pontos. Christian Castillo e Nestor Pitrola estiveram na planta de Lear. Nicolás Del Caño aproveitou sua estadia em San Miguel de Tucumán para participar da manifestação na ponte Lucas Córdoba. Noelia Barbeito e Cecília Soria no principal acesso da cidade de Mendoza. Isto lhes valeu uma nova crítica do repressor Sergio Berni, que os acusou como “organizadores” do protesto, não entendendo que são os trabalhadores que decidem lutar em defesa de seus postos de trabalho e seus direitos.
Com a assinatura de Hugo Moyano, Omar Plaini e Julio Piumato, a CGT emitiu ontem um comunicado de solidariedade com os trabalhadores de Lear.
Como há cinco anos foi Kraft, hoje Lear representa uma importante luta para o movimento operário frente ã tentativa das patronais de descarregar sua crise nos trabalhadores e desembaraçar-se de comissões internas e ativistas combativos. A jornada de hoje foi um passo a mais, firme, nesta dura luta, deixando uma clara mensagem ás patronais abutres e ao governo: “não vamos permitir demissões como em Lear”.