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Grande luta dos trabalhadores da Universidade de São Paulo
11/06/2010
Pablito, Diana e Domenico, delegados do Comando de Greve e dirigentes da LER-QI
Reproduzimos abaixo texto do último jornal "La Verdad Obrera", N° 378, publicado semanalmente pelo Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), organização irmã da LER-QI na Argentina.
Os trabalhadores da UPS, há 37 dias em greve, saíram à luta quando o reitor João Grandino Rodas, concedeu um aumento salarial de 6% aos professores, excluindo os trabalhadores. Desta forma quebrou um acordo assinado em 1991 entre as três universidades estaduais e seus sindicatos que garantia reajustes salariais iguais entre as categorias (isonomia), impondo, ao contrario, uma divisão entre os professores e trabalhadores, o que desatou o movimento grevista.
O reitor organizou uma campanha reacionária na mídia burguesa, tratando os grevistas como mercenários contratados pelo sindicato e alertando que se a sociedade civil não intervém, a USP vai se transformar no Haiti. Atrás do discurso racista, está a tentativa de colocar toda a sociedade contra os trabalhadores em luta, buscando maior legitimidade para implementar os planos de precarização da educação do governo Serra na Universidade, que já são aplicados por Lula nacionalmente. A ofensiva da reitoria, para manter isolada a greve, se apóia numa situação política e social conformista e de muita passividade, de alta popularidade do governo Lula. Mas esta luta é contra o governo Serra que é menos popular e se desenvolve em meio ã disputa eleitoral com o PT. Por isso tem muitos elementos contraditórios. A greve se mantém e se amplia num contexto sem lutas e apesar disso, conquista apoios parciais, mas importantes, de professores, estudantes e intelectuais.
A reitoria declarou que ia descontar o salário dos trabalhadores e multar o sindicato pelos piquetes. Frente a este ataque, diversos setores se manifestaram contrários, como as Congregações de muitas faculdades e inclusive o juiz do Trabalho e professore da USP, Jorge Luis Souto Maior, que declarou que “o exercício de um direito fundamental, a greve, não pode ser fator de negação de outro direito fundamental, o salário”.
O movimento continua forte com a entrada das novas unidades na greve e principalmente de forma radicalizada de onze campus da UNESP e uma importante greve na Unicamp, enfrentando a burocracia sindical governista do PCdoB. Desde a LER-QI, colocamos todos os nossos esforços junto a independentes para, a partir do movimento estudantil, travar uma solidariedade ativa aos trabalhadores em luta. Onde houve uma mobilização mais conseqüente, foi na Unesp Marília, onde os estudantes estão numa greve com ocupação, e na Unesp Rio Claro, onde o curso de geografia votou paralisação em apoio aos grevistas, mas também estão sendo organizados uma série de piquetes operários estudantis e outras ações na USP, Unesp e Unicamp. Enquanto mais de 1000 famílias de trabalhadores passam fome com o desconto dos salários, Rodas está fazendo campanha eleitoral para o governo do PSDB e os reitores da Unesp e Unicamp estão viajando pro exterior.
Frente a esta situação nós trabalhadores ocupamos na última terça-feira a reitoria da USP num ato que já com o apoio de centenas de estudantes, assim como a presença importante de professores da universidade que deram aulas dentro da reitoria ocupada.
As reivindicações da ocupação giram em torno da reabertura das negociações e o pagamento dos salários descontados. Mas nossa greve, que luta pelo restabelecimento da isonomia é uma greve em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, pelo fim da terceirização com a incorporação de todos os trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público, pela reintegração imediata de Claudionor Brandão (demitido em 2008 pelo governo Serra) e pela retirada de todos os processos a estudantes e trabalhadores em luta. Nós, desde a LER-QI, estamos atuando sabendo que é uma luta exemplar, para demonstrar aos trabalhadores que não há que aceitar os descontos salariais e o cerceamento do direito de greve, como fez a burocracia sindical na recente greve de professores.