FT-CI

Os realinhamentos políticos da América Latina

Kirchner e Lula em defesa das petroleiras

08/05/2006

Kirchner e Lula em defesa das petroleiras

Por: Christian Castillo

Fonte: La Verdad Obrera N° 186

Pouco tempo após a postura comum sustentada pelos países do Mercosul e a Venezuela frente ã Cúpula das Américas em Mar del Plata, contatamos que os últimos meses foram marcados por fluidos reacomodamentos políticos e econômicos entre os países da região. Crise da “Comunidade Andina de Nações” com a retirada da Venezuela perante a firma de Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos por parte da Colômbia, do Equador e do Peru, e chantagem do último em realizar um TLC com os EUA, retirando-se assim do Mercosul; reuniões e encontros cruzados de presidentes que antecipam novos blocos e mini-blocos entre países; conferência emergencial entre Hugo Chávez, Evo Morales, Lula e Kirchner para discutir as implicações do decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia; como breves menções aos temas de maior relevância. O projeto do Brasil, de institucionalizar sua liderança regional através de uma Confederação Sul-americana que incluísse o Mercosul e a Comunidade Andina, apresentando-se como o país capaz de “conter” a Venezuela e, por sua vez, tratando de utilizar os atritos de Chávez com os EUA para pressionar buscando certas concessões nas condições de submissão imperialista, também se depara com a nova configuração política.

Tais movimentos se expressam em detrimento de distintas razões políticas. As políticas devem ter em vista, em primeira instância, a nova relação de forças que se forjou na região com os levantamentos de massas que contornaram vários governos, obrigando os seus sucessores a ter que flertar com as exigências populares para ganhar certa legitimidade, como no caso de Evo Morales com a semi-nacionalização dos hidrocarbonetos ou a demagogia hipócrita de Kirchner (já que no país encontra-se todo tipo de negócios capitalistas que se baseiam na devastação do meio ambiente) quanto ã justa exigência das assembléias de Gualeguaychú. Por outro lado, a estratégia estados-unidense para conter a perda de peso hegemônico na região ante a crise de seu projeto original da ALCA, hoje empenhada em concertar tratados de livre comércio de forma bilateral, incitados pelas burguesias que se situam fora dos negócios vinculados ã “integração energética”. Quanto aos aspectos econômicos, temos que destacar as disputas crescentes ligadas aos novos negócios vinculados com a energia e a obra pública (começando pelo “gasoduto do sul”), abastecidos pelos aumentos dos preços internacionais do petróleo e do gás, bem como no crescimento mais geral da rentabilidade capitalista na região, que reaviva os conflitos de capitais de diversas origens (europeus, norte-americanos, “translatinos”, russos, chineses...) para servir-se de una porção destes negócios.

Kirchner e Lula, em defesa da REPSOL

Em outro artigo deste jornal apontamos os limites da semi-nacionalização dos hidrocarbonetos decretada pelo governo de Evo Morales na Bolívia. Por outro lado, ainda que não ocorra a confiscação ou a expropriação dos bens das empresas imperialistas, calcula-se que estas participem como associadas junto ao estado boliviano na exploração destes recursos, sendo que quem vem dando as cartas nesse sentido são os governos imperialistas diretamente envolvidos (como no caso da Espanha) em conjunto com os mesmos Lula e Kirchner devem se reunir até o fechamento desta nota, em uma conferência emergencial com Evo e Chávez, na tentativa de “moderar” as abrangências da medida adotada pelo governo boliviano. Uma conferência onde Kirchner tornará oficial a defesa dos interesses da Repsol-YPF, com a qual o presidente se reuniu em caráter de urgência em Buenos Aires pouco antes. É certo que Kirchner, desde seus tempos de governador de Santa Cruz cumpre o papel de agente dos monopólios petroleiros e mineiros (não nos esqueçamos que o atual secretário geral da presidência Oscar Parrilli foi membro informante do bloco do PJ na Câmara dos Deputados do projeto de privatização do YPF sob o governo de Menem) e a semi-nacionalização boliviana revela seu servilismo diante ao capital imperialista, já que a Argentina passa a ser o único país da região onde os recursos hidrocarbonetos se concentram nas mãos dos monopólios estrangeiros. Lula, por sua vez, representará os interesses da burguesia brasileira que hoje se abastece de gás barato graças aos negócios da Petrobras na Bolívia.

Por uma Federação de Repúblicas Socialistas na América Latina

A situação atual marcada pela tendência ã constituição de distintos blocos e semi-blocos entre os países latino-americanos expressa não apenas um debilitamento da hegemonia norte-americana na América Latina com relação ã década de ’90, bem como o caráter superficial das afirmações daqueles que atestavam um processo paulatino de integração latino-americano das mãos dos distintos governos “progressistas”. Se as burguesias locais foram incapazes de avançar na unidade política e econômica da América Latina durante século XX, por que o fariam agora, quando a maior parte da economia da região se encontra sob o controle direto dos monopólios imperialistas? Justamente o domínio compactuado entre o capital imperialista e as classes dominantes nativas é o que impede o avanço no sentido da unidade do subcontinente, uma necessidade estratégica para nossos povos. No século XXI, a unidade latino-americana será socialista, produto de uma federação de repúblicas formada por governos operários e camponeses, ou não o será.

  • TAGS
Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Jornais

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)