FT-CI

EDIÇÕES ISKRA

Lançamento de "A revolução Espanhola reúne 150 pessoas na USP!

08/05/2014

Lançamento de

Na última quarta-feira, 07 de maio, cerca de 150 pessoas participaram do lançamento da compilação de escritos de Leon Trotski sobre a Revolução Espanhola no auditório da Geografia da USP. A mesa contou com a participação de Antonio Quiozini pelas Edições Iskra e Elisabeth Yang pelo Centro de Estudios, Investigaciones y Publicaciones León Trotsky da Argentina.

Antonio abriu o debate agradecendo a colaboração do CEIP e da Museo Casa León Trotsky do México e ressaltou a importância histórica do processo revolucionário espanhol: “O próprio título desta edição já é um pequeno combate ideológico, pois desde a tese acadêmica mais ‘refinada’ até os livros didáticos, se fala de Guerra Civil Espanhola, mas nunca de Revolução Espanhola... uma clara manobra ideológica que tenta apagar os grandes “feitos” da classe trabalhadora e das massas oprimidas espanholas, tentando resumir o conflito à luta entre um campo fascista e outro ‘democrático’”.

JPEG - 7.8 KB
A partir daí, abordou as grandes conquistas do heróico proletariado espanhol, quando esse iniciou a luta contra o general Franco, em julho de 1936: “Estamos frente uma revolução em que os operários quebraram ao meio o Estado capitalista, dissolvendo a polícia e o restante das forças repressivas, instaurando o povo em armas em mais da metade da Espanha; criaram seus próprios organismos de poder (comitês, milícias operárias) e organizaram a maior experiência de auto-gestão e coletivização econômica da Europa Ocidental. Uma revolução que se chocou frontalmente com os poderes e privilégios da Igreja (a maior proprietária de terra do país) e que não por acaso, uma revolução que teve um protagonismo das mulheres trabalhadoras, já que eram as que mais sofriam com a opressão do clero mais poderoso e reacionário da Europa”.

Em combate a visão predominante nos meios intelectuais, que enxergam a década de 1930 como “reacionária em toda linha”, ressaltou: “Os reflexos internacionais da Revolução Espanhola foram também poderosos: despertou a atenção apaixonada dos trabalhadores de todo mundo. Os combates do proletariado espanhol foram o principal golpe contra o nazi-fascismo e sua vitória teria sido um luminoso farol para o proletariado alemão e italiano. Não ã toa Hitler e Mussolini apoiavam Franco antes mesmo do golpe. Umas das revoluções operárias mais importantes do século XX, em que o proletariado espanhol, como dizia Trotski, ‘por seu peso específico na economia do país, por seu nível cultural e político, se encon-trava, desde o começo da revolução, muito ã frente do proletariado russo no início de 1917’. Uma revolução que poderia ter mudado a história do século XX, a grande oportunidade de deter a marcha do fascismo e da Segunda Guerra Mundial, abrindo novamente o cenário para a revolução socialista mundial como em 1917”.

O proletariado espanhol, porém, fez tudo isso contra a vontade de suas principais direções, que reconstruíram pedaço por pedaço do Estado capitalista destroçado. O Partido Socialista, Partido Comunista, CNT anarquista e o próprio POUM atuaram na contramão dos interesses dos trabalhadores, paralisando sua iniciativa e atacando suas conquistas ao dissolver os comitês, desarmar as milícias e reprimir as coletivizações, levando não só a derrota na revolução mas também da guerra civil contra Franco. Elisabeth Yang iniciou sua fala resgatando um pouco da história do CEIP que surgiu década de 1990, no auge do neoliberalismo e da ofensiva ideológica contra o marxismo, ressaltando a importância de trazer para as novas gerações a rica experiência acumulada do passado.

Abordou no início da sua fala os efeitos da Revolução Espanhola para a URSS: “Após o final da Primeira Guerra Mundial e da vaga revolucionária aberta pela Revolução de 1917, que se estende até 1923, se inicia um período que Trotski chama de “equilíbrio capitalista” e que só vai terminar com o início da crise econômica de 1929. O surgimento do stalinismo, fruto do isolamento da URSS, estava diretamente ligado a este fenômeno e a eclosão da Revolução Espanhola em 1930 era a grande oportunidade de extirpar com essa casta burocrática. A Espanha, portanto, aparece como um grande problema para o stalinismo, pois nos primeiros anos da revolução os operários russos já faziam coletas de apoio ã Espanha por cima da própria burocracia e uma vitória dos operários espanhóis golpearia profundamente seu prestígio e seus acordos com a burguesia imperialista”.

Elisabeth elencou as políticas e iniciativas de Trotski para conformar um partido revolucionário a partir da Oposição de Esquerda espanhola e demonstrou como Trotski não teve uma política sectária com Andrés Nin:

“Trotski propôs duas táticas: a primeira, de unidade das fileiras comunistas e a segunda de entrismo no Partido Socialista, para que a Oposição pudesse confluir com a valorosa juventude desse partido, que carregava retratos de Lênin e Trotski nas manifestações e reivindicava a necessidade de construir uma nova Internacional. Nin rejeitou as duas propostas, qualificando a ultima como oportunista”. E continuou: “A política ‘principista’ de Nin levaria pouco tempo depois ã fusão oportunista da Oposição com o grupo catalào de Maurín para a formação do POUM. Poucos meses depois esse partido assinava o programa burguês da Frente Popular e após as jornadas revolucionárias de junho de 1936, entrava diretamente em um governo de aliança com a burguesia na Catalunha”.

A historiografia oficial fala que o “campo republicano” perdeu por falta de armas. “Franco tinha apoio de Hitler e Mussolini, enquanto a República estava isolada”. Vimos, porém, que a derrota não foi militar, mas política. Uma política que tinha nome e sobrenome: frente popular. Subordinou os interesses do proletariado ã burguesia e enterrou a revolução.

Faltou um partido revolucionário, que pudesse mobilizar a vanguarda operária contra as direções conciliadoras e consolidar as conquistas revolucionárias, como fez o Partido Bolchevique em 1917. Esperamos que esta edição contribua para desconstruir uma série de “mitos” históricos, e o principal, abrir um debate no seio da vanguarda de trabalhadores e de jovens que se levantam em nosso país nesse momento sobre a necessidade de construir um partido revolucionário a nível nacional e internacional: ferramenta que faltou ao proletariado espanhol, tarefa candente para vencermos os patrões, seu Estado e seus agentes dentro no movimento operário.

Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)