FT-CI

Estados Unidos

Novos ataques contra os imigrantes

18/09/2007

Em um contexto de mal estar mantido com a política exterior do governo de George W. Bush e preocupações crescentes pelas conseqüências da queda do mercado imobiliário e a crise financeira, milhões de imigrantes no Estados Unidos vivem e trabalham em um estado de sítio virtual, com o perigo de prisãoe a deportação sobre suas cabeças.

Em maio de 2006 milhões de pessoas se mobilizaram, em sua maioria latinos, contra a tentativa de transformar em criminosos os mais de 12 milhões de imigrantes ilegais. Importantes setores saíram da sombra da opressão e da exploração para exigir direitos democráticos elementares que a democracia imperialista lhes nega, enquanto explora inescrupulosamente a mão-de-obra barata que representam os latinos em setores importantes da economia. Isto abriu um debate na sociedade, onde subsistem preconceitos racistas que permitem aos patrões disseminar divisão entre os brancos, negros e latinos, entre outros. Neste contexto, os ataques contra os imigrantes endureceram, o que os trabalhadores latinos e suas famílias tentam resistir.

Lucro patronal e escravidão moderna

Entre os impulsionadores da lei de “trabalhadores convidados” e a suposta legislação imigratória “compreensiva”, têm empresários e a própria Câmara de Comércio ianque. Esta é a lei que se apresentou como “alternativa” ás propostas mais reacionárias. Mas o “convite” da patronal norte-americana tem condições: baixos salários, jornadas intermináveis, sindicalização proibida e, é claro, data de término. Os trabalhadores “convidados” não poderão ficar, a menos que o bom patrão assim o dissesse. Muitas organizações de direitos humanos assinalaram a proposta/lei como escravidão moderna e não exageram. Além do mais, a lei tem outras jóias como o muro com cercas eletrificadas e a militarização da fronteira com o México, porque o “primeiro é a segurança nacional”. Isso sim, quem quiser regularizar sua situação, pode fazer... depois de 7 anos de trâmites, multas inacessíveis para os trabalhadores e ter pago pontualmente os impostos. Esta é a interpretação peculiar dos empresários de abrir um “caminho para a legalização”.

Não há mal menos e as “alternativas” que oferecem os empresários e seus partidos não respondem ás demandas dos imigrantes. A única forma de frear as leis racistas e escravistas, tanto as duras como as “light”, é desenvolver a mobilização independente.

Impasse do debate imigratório e novos ataques

O fracasso de um acordo parlamentar e a imobilidade das direções do movimento de imigrantes, que optaram pela pressão aos partidos patronais, levaram ao vazio legal atual. Este vazio prejudica aos trabalhadores imigrantes que vem dia-a-dia como seus direitos são avassalados da pior maneira. Desde o ano passado as medidas contra o emprego da mão-de-obra ilegal tem sido mais duras, mas o castigo se aplica contra os trabalhadores e não contra os patrões inescrupulosos.

Os recursos mais utilizados são as cartas “no-match” e as batidas nos lugares de trabalho. As cartas “no-match” (em inglês, “não coincide”) avisam aos empregadores que os dados declarados pelos trabalhadores não coincidem com os dados do Instituto de Seguridade Social (similar ao ANSES na Argentina). É uma das razões mais comuns que os empresários utilizam para despedir os trabalhadores que exigem melhores condições de trabalho e os que se organizam sindicalmente. Ainda que os imigrantes sem documentos sempre viveram sendo perseguidos nos EUA, entre outubro de 2006 e junho de 2007, quase 150 mil pessoas foram deportadas, o que mostra que um clima hostil reina e não um impasse.

Durante estes meses aumentaram as batidas da ICE (política migratória, melhor dizendo, anti-imigrantes). Por exemplo, o sindicato dos trabalhadores da alimentação denunciou detenções e deportações da ICE na fábrica Swifl, onde foram presos 1.297 trabalhadores, dos quais 649 foram deportados em março deste ano.

Os agentes da ICE irrompem em lugares de trabalho, detêm os trabalhadores e os levam aos centros de detenção, onde se denunciam abusos, brutalidade policial, condições desumanas de detenção e amontoamento Recentemente ficou conhecida a morte da imigrante Victoria Arellano em um centro de detenção logo após ter sido negado o cuidado médico.

Como produto destas prisões muitas famílias são separadas, os trabalhadores e trabalhadoras não podem voltar para suas casas e seus filhos nascidos nos EUA ficam aos cuidados de familiares no melhor dos casos, ou totalmente desamparados. O caso mais conhecido desse foi o de Elvira Arellano, que havia passado um ano refugiada com seu filho em uma igreja em Chicago para evitar ser deportada.
Trabalhadora de limpeza, havia sido presa em um operativo “anti-terrorista” típico da era pós-2001 e negou a se apresentar diante da justiça, transformando-se assim na cada do movimento imigrante. Arellano foi finalmente deportada em fins de agosto em frente a uma igreja quando saia para uma marcha pelos direitos dos imigrantes. No dia 12/09, ela em Tijuana e seu filho de 8 anos em Washington, encabeçaram mobilizações paralelas contras as deportações.

Mostras de resistência

Em várias cidades há resistência ás batidas nos bairros latinos, com marchas, através das rádios locais, denunciando os policiais, avisando aos imigrantes e inclusive chegou a ter conflito com os efetivos da ICE em Los Angeles , sobretudo na zona sul (de maioria latina) onde as entradas nas estradas de alguns bairros latinos há cartazes que dizem “Fora a ICE”.
Entretanto, a mostra de resistência mais significativa e exitosa foi a greve vitoriosa de 118 trabalhadores em uma fábrica de sabão em Chicago. Em agosto um grupo de imigrantes terceirizados receberam a carta “no match”, e caso não mostrassem seu status legal seriam despedidos e deportados. A maioria deles era ilegal, e apesar de não terem sindicato decidiram sair em greve, com um piquete para impedir a entrada de fura-greve e a saída de containers. A medida teve o respaldo do sindicato dos caminhoneiros (de grande tradição e forte presença latina), que se negou a cruzar a linha de piquetes. A empresa Cygnus, fabricante dos sabões e detergentes do Wal-Mart, pensou que seria fácil os despedir. Mas os trabalhadores, em sua maioria mexicanos e salvadorenhos, decidiram resistir com seus próprios métodos. Inclusive quando a empresa lhes ofereceu um acordo que somente contemplava aos 8 trabalhadores permanentes da planta, a assembléia operária votou “entramos todos ou não entra ninguém”. E uma vez alcançado o acordo os trabalhadores se negaram a firmar antes de ser aprovado em assembléia. O exemplo desta luta mostra que a melhor forma de evitar demissões e deportações é a unidade da classe, a democracia operária e a greve, que toca o mais sensível para os capitalistas: seus lucros. Os trabalhadores da Cygnus conseguiram em uma semana o que os dirigentes não conseguiram em meses de lobby e negociação com os sindicatos e o partido Democrata. Os 118 trabalhadores voltaram ao trabalho, sem represálias, e não haverá deportações. É impossível confiar ingenuamente em que a patronal respeite o acordo, mas estes trabalhadores estão hoje muito mais fortalecidos para enfrentar futuros ataques.

O triunfo dos trabalhadores imigrantes em sua luta por seus direitos democráticos, contrariamente aos prejuízos racistas que os patrões alentam, fortalece a luta do conjunto da classe operária norte-americana.

Os latinos, um setor cada vez mais forte na classe operária

Os latinos são a primeira minoria, 43 milhões de pessoas - 12 milhões são ilegais- em uma país de 300 milhões. Os latinos representam uma grande parte dos trabalhos pior remunerados, os postos de trabalho mais precários, 50% deles não têm assistência médica (nos EUS não existe a saúde pública nem obras sociais), e ao mesmo tempo estão cada vez mais nos serviços, agricultura e inclusive na indústria. Na classe operária norte-americana existe hoje quase 20 milhões de trabalhadores que são imigrantes, 15% da força de trabalho (estudo realizado em 2006 pelo Instituto de Políticas de Migração).

Mais importante ainda é o crescimento dos imigrantes entre os 15.36 milhões de trabalhadores sindicalizados (12%): mais de 2 milhões. Muito apesar da política historicamente xenófoba e a atual paralisia da burocracia sindical frente aos ataques que sofrem os trabalhadores estrangeiros, 1 de cada 10 sindicalizado é imigrantes. Isto é muito significativo em um país aonde a afiliação sindical vem em baixa há anos (somente 10% possui sindicato) - no mesmo período a quantidade de operários sindicalizados nascidos nos EUA caiu 9%-. Sem deixar de ver o problema da queda na sindicalização - sobretudo na indústria-, e que somente 10% dos imigrantes estão organizados em sindicatos, a crescente participação sindical latina é alentadora já que representa setores de jovens da classe operária em lugares importantes da economia e pode mostrar uma tendência a fortalecer e transformar os velhos sindicatos, assim como fizeram os imigrantes no início dos século XX.

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