là BIA
O regime de Gadafi está se fraturando
22/02/2011
Hoje, segunda-feira, o levantamento das massas líbias instalou-se na capital, depois de ontem quando as massas se apoderaram mediante uma insurreição da segunda cidade do país, Benghazi, o coração do processo revolucionário em curso. A potência do levantamento fez com que setores do exército passassem para o lado dos insurgentes em cidade como Al Bayda. Em Trípoli, enquanto edifícios governamentais são atacados, as forças de segurança leais ao lider líbio estão se concentrando nos lugares emblematicos da cidade, incluindo o palacio presidencial. Se o exército esta se posicionando defensivamente na capital, onde se concentra a força de Gadhafi, a lealdade das forças armadas líbias e a sobrevivencia do regime está em questão.
Dentro das Forças Armadas são crescentes os indícios de que o exército estaria se dividindo. O mando do exército na Líbia está cruzado não somente por relações tribais senão com uma larga luta de poder entre os dois filhos de Gadafi, o “reformista” Seif al-Islam, que está enfrentado com a cúpula militar e que agora está querendo assumir o controle da situação e Motasem Gadafi, o conselheiro de segurança nacional com laços estreitos com a elite militar. Alem do mais, esse país está largamente dividido entre duas áreas costeiras com eixo em Trípoli e Benghazi, divisão geográfica que pode fazer com que os militares e as forças de segurança possam deixar Trípoli incapaz de impor seu mando ao leste.
Ontem Seif al-Islam, na tentativa de derrubar o protesto, disse que tinha intenção de criar vários pequenos emirados islà¢micos em varias partes do país. Hoje, o ministro de relações exteriores italiano, Franco Frattini, disse que: “Estou profundamente preocupado sobre a auto-proclamação do Emirado Islà¢mico de Benghazi. Vocês imaginam ter um emirado islà¢mico árabe nas fronteiras da Europa? Isso realmente seria uma séria ameaça”.
Na realidade, o que assusta a esses imperialistas – que no caso da Itália possuem importantes investimentos em pretoleiras na Líbia, além do fundo soberano de investimento líbio que é controlado pela família de Gadafi e é um dos principais investidores em importantes empresas e bancos deste país como ENI, a gigante petroleira e principal conglomerado industrial ou UniCredit, o primeiro banco italiano e um dos maiores da Europa, alem de equipes de futebol como a Juventus – é que, diferente da Tunísia e Egito, o estado libanês é mais frágil e vulnerável a um colapso. Os militares, diferente desses países, não parecem estar em uma posição de expulsar os Gadafis e impor temporariamente sua própria ordem, como forma preventiva de impedir a fratura do regime, A possibilidade de uma insurreição operária e popular está inscrita nos acontecimentos, assim como a possibilidade de uma guerra civil, inclusive uma situação caótica sem uma clara autoridade governamental por um largo período de tempo.
Parece que a primavera árabe não somente vai se estendendo como também se radicalizando e se fazendo mais poderosa, após o salto que significou a queda revolucionária de Mubarak no país mais forte da região, o Egito. Para o imperialismo mundial e as potencias européias em particular, que vêem seu pátio traseiro mediterrâneo se mover de forma revolucionária e entrar em um período de profunda instabilidade, as coisas estão ficando difíceis.