México: 65 mineros soterrados na explosão de “Pasta de Conchos”
Outro crime do capitalismo e da patronal assassina
15/03/2006
OUTRO CRIME DO CAPITALISMO E DA PATRONAL ASSASSINA
Por: LTS
Fonte: Declaração da Liga de Trabajadores por el Socialismo-Contracorriente (LTS-CC)
Na madrugada de 19 de fevereiro uma explosão na mina “Pasta de Conchos”, em Sabinas Coahuila matou mais de sessenta trabalhadores que estão sob o risco de morrer pela violenta explosão, a falta de oxigênio ou pela intoxicação com metano ou gás grisó (altamente tóxico e explosivo), e mais 13 operários sofreram ferimentos e foram hospitalizados. Milhares de pessoas permaneceram desde então na porta da fábrica para exigir que os resgatem, denunciando as condições de risco sob as quais trabalham os mineiros empregados na empresa Industria Minera México, que se encarrega da exploração carbonífera na zona. Circundando a mina permanecem centenas de efetivos do exército mexicano que, longe de resguardar a segurança dos trabalhadores, buscam conter o descontentamento e o ódio dos familiares, vizinhos e amigos dos mineiros contra as autoridades e a patronal.
O governo de Fox, mostrando uma vez mais seu desprezo pela sorte dos trabalhadores, demorou quase 2 dias para enviar seus “representantes”, enquanto que as autoridades locais, com todo o seu cinismo e desdém pelas famílias operárias, mandaram cavar fossas e taparam as proximidades da mina, para evitar que os familiares pudessem ver as evidências da responsabilidade patronal na tragédia. Enquanto isso são os próprios companheiros dos trabalhadores presos que estão levando adiante as desesperadas tentativas de resgata-los.
Este “acidente” não pode ser visto como tal, senão como o resultado da negligência dos capitalistas e da irresponsabilidade do governo estatal e federal, e é a conseqüência do inexistente investimento e manutenção e em segurança para os trabalhos na mina. A explosão em “Pasta de Conchos” não é inédita. Desde os anos sessenta em que começou a exploração do carvão no norte do país, ocorreram vários “acidentes” , como o da mina Cuatro y Medio em 1998, onde morreram 37 trabalhadores. Em Coahuila um dos principais proprietários da exploração mineira é o empresário César de la Garza Herrera, denunciado por 40 mortes de operários em menos de seis meses em sua mina em Muzquiz, onde se distinguiu por manter em funcionamento poços mineiros que não oferecem as mais elementares garantias de segurança, mantendo os trabalhadores em condições laborais escravizadas.
Como disse um trabalhador: “Se isto aconteceu é porque eles molham as mãos da Secretaria do Trabalho de dinheiro” (La Jornada, 22/2). E é que as trágicas conseqüências da explosão em “Pasta de Conchos” é o resultado da política assassina da patronal nortenha e do governo que a protege. A rede de corrupção e cumplicidades que os trabalhadores e vizinhos estão denunciando está a serviço de preservar os grandes lucros dos capitalistas, que acumulam sobre o sangue e o suor de centenas de trabalhadores, para o qual se permite impunemente que sejam violentadas as regras de segurança em detrimento dos trabalhadores.
Com este desastre o que fica explícito são as subumanas condições nas quais trabalham centenas de mineiros no norte do país, muitos deles em troca de um salário que não supera os 56 pesos diários, sem direito ã sindicalização, e com jornadas extenuantes em condições que colocam em risco sua vida. A patronal, o governo e os líderes sindicais têm uma polítixa criminosa que garante gordos lucros para a oligarquia nortenha e as transnacionais, enquanto centenas de operários são obrigados a se expor dia a dia a acidentes fatais.
Com o magro salário subsistem na região centenas de famílias, sem segurança social que as ampare. Claudia Jiménez, esposa de Javier Pérez, mineiros que foi soterrado na madrugada do dia 19, disse ã imprensa sobre seu esposo “é o que mais amo na vida, e não vou deixar que a mina me tire”. É que para os operários que migraram há vários anos para habitar os povoados próximos ã mina - San Juan de Sabinas, Palau, Nueva Rosita e Múzquiz -, o trabalho diário é um risco latente, e ante a falta de emprego vivem com a ameaça cotidiana de perde-lo, fruto da chantagem patronal de que “se não te agrada vá embora, muitos querem seu lugar”.
Esse é o segredo dos lucros da empresa Minera de México: o suor e a exploração extrema de seus trabalhadores. A mesma é a propriedade do Grupo México, o principal conglomerado de exploração mineira do país, liderado pelos magnatas da família Larrea. Em 2005 tiveram lucros de 1,100 milhões de pesos, cerca de 37% mais que em 2004, beneficiada com a alta dos preços internacionais dos minerais. Este consórcio capitalista tem entre seus diretores “grandes homens de negócios”, como Cláudio X. Gonzáles e até Luis Téllez, ex secretário de Energia, e se beneficiou das privatizações concretizadas de Salinas e Zedillo. Enquanto a fortuna dos capitalistas proprietários do Grupo México ascende a 1,100 milhões de dólares, os trabalhadores deixam sua vida por 700 pesos semanais.
Enquanto escrevemos este texto, ainda não se conseguiu resgatar os trabalhadores e com o avançar das horas todo o povo trabalhador teme ainda mais por sua vida. A partir da Liga de Trabajadores por el Socialismo - Contracorriente nos solidarizamos com os familiares que esperam com ansiedade os companheiros soterrados sejam resgatados com vida, e com seu justo ódio contra a empresa Industrial Minera México e o governo de Coahuila, representado pelo priista Humberto Moreira Valdés.
Chamamos ás organizações sindicais, camponesas, populares, de direitos humanos e de esquerda, a denunciar esta tragédia que é conseqüência da política trabalhista antioperária imposta pela patronal, assim como a nos mobilizar e realizar uma ampla campanha em solidariedade com os mineiros “Pasta de Conchos” e suas famílias, denunciando o governo estatal e nacional, e exigindo o castigo dos responsáveis, propondo para isto a formação de uma comissão investigadora independente da empresa e do governo (que buscam ocultar a responsabilidade patronal) encabeçada pelos trabalhadores mineiros e as esposas de seus companheiros presos na mina.
As organizações sindicais devem se por ã cabeça disso, junto com as organizações de direitos humanos, políticas e sociais, devemos começar uma campanha nacional de apoio que colete doações, comida, água e todo o necessário para melhorar as condições sob as quais se encontram estas famílias. Para isso devemos nos organizar nos locais de trabalho, centros de saúde, escolas e faculdades para levar adiante esta tarefa.
Liga de Trabajadores por el Socialismo-Contracorriente
23/2/2006