Bolivia
Para derrotar a direita o único caminho é mobilizar
12/09/2008
A paralisação da “Meia Lua” (nome dado ás províncias mais ricas da Bolívia, como Pando, Tarija, Santa Cruz e Beni) e as ocupações de prédios públicos, ataques racistas aos trabalhadores e camponeses e outras covardes agressões mostram que as oligarquias autonomistas estão dispostas a tudo para seguir controlando as províncias como se fossem “suas” fazendas.
Sob as cínicas consignas de “resistência civil” e “autonomia” não só querem bloquear a iniciativa do MAS de levar ã votação a nova Constituição em 7 de dezembro, e recuperar sua parcela do IDH para seguir engordando ás custas do povo, senão impor o terror contra os setores da própria população local que começa a resistir; por isso dão corda solta ã Juventude Cruzenhista e demais grupos de choque fascistizantes para atacar com o grito racista de “índios, raça maldita”.
Evo Morales denunciou uma vez mais que se tenta “iniciar um golpe civil tomando instituições” como em Cobija e Trinidad, mas diz aos trabalhadores, camponeses e npovos originários que a tarefa é esperar para votar em janeiro...O governo do MAS não quer nem pode enfrentar conseqüentemente esta nova ofensiva da direita por que como já demonstrou em todo o seu governo, sua estratégia é pactuar com os representantes dos empresários, latifundiários e as transnacionais, e não abandona as esperanças de poder se sentar para “dialogar” novamente, com a benção da OEA e da Igreja.
Entretanto, aos reacionários e seus cães fascistas não se convence com argumentos, nem se ganha deles com cédulas eleitorais! É hora de por em pé Comitês de Autodefesa Operários e Camponeses com todas as organizações de massas do território nacional.
O CONALCAM anunciou iniciativas como bloquear Santa Cruz, marchas ou “cercos ao Congresso” para obrigá-lo a legitimar o referendo pela CPE, isto é, ações parciais de pressão dentro da linha fixada pelo governo.
Respeitamos as expectativas das bases que simpatizam com o MAS, como as federações de cocaleiros de Yungas e do Chapare, as organizações do Bloco do Oriente, a CSTUB, as juntas dos bairros populares, etc. Mas só o movimento operário, camponês e indígena com sua força e seus métodos de luta poderão derrotar os reacionários; e para isso não devem se subordinar ás orientações desmobilizadoras do governo, mas impulsionar uma mobilização nacional unitária para derrotar as oligarquias, conquistar as demandas operárias, camponesas, indígenas e populares e o cumprimento da “agenda de Outubro”. Um primeiro passo poderia ser convocar já uma jornada nacional de mobilização, com paralisação dos trabalhadores, bloqueio de estradas e concentrações populares em todo o país, que demonstre aos autonomistas que desde já nenhuma de suas provocações vai ficar impune.
A COB deve impulsionar a unidade de ação efetiva com as organizações de massas de todo o país, assumindo uma posição clara na preparação desta mobilização, desde uma posição política dos trabalhadores independente do MAS tanto como dos empresários. Faz falta uma grande frente-única de massas para a luta e a COB deve chamar a coordenação e a colocá-la de pé; este seria também o caminho para começar a preparar política e praticamente uma Assembléia Popular que concentre as forças operárias, camponesas, indígenas e populares. A única garantia para que a central operária tenha um papel que lhe corresponde é que os sindicatos combativos e os trabalhadores avançados não deixem esta tarefa nas mãos dos atuais dirigentes. Há que lhes impor a convocatória urgente do postergado Congresso da COB, com a mais ampla participação das bases para adotar um plano de ação dos trabalhadores.
Os socialistas revolucionários apoiamos todo passo progressivo na unidade de ação para combater a direita e lutar pelas demandas operárias, camponesas, originárias e populares, mas o fazemos sem conceder o menor apoio político ao governo e mantendo todas as nossas críticas a sua ação ã serviço da colaboração de classes com a burguesia, que só tem servido e serve para agrandar a reação e postergar as reivindicações dos trabalhadores e do povo.
Chamamos aos sindicatos combativos, ã juventude que quer enfrentar a direita, ã esquerda que se reivindica operária e socialista a impulsionar sem mais demora um bloco de luta e por uma política independente dos trabalhadores, para impulsionar estas tarefas nas fábricas, minas, bairros, comunidades e locais de estudo, ante a crítica situação nacional.