Conferência Nacional de Trabalhadores - PTS- Argentina
Para desenvolver a esquerda classista no movimento operário
20/06/2012
Por PTS, Argentina
Publicado originalmente pelo PTS - organização irmã da LER-QI na Argentina - em 14 de Junho de 2012.
O Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) convoca uma Conferência Nacional de Trabalhadores no Estádio Coberto de Ferro (Buenos Aires, Argentina). Queremos contribuir para a construção de uma grande corrente classista no movimento operário. A bancarrota da burocracia sindical em todas suas variantes se mostra quando deixam passar o “fino ajuste” do governo com o topo de 23% de ajuste salarial e em benefícios. Diante dos primeiros sintomas da crise mundial na Argentina, com demissões e suspensões em várias empresas estes dirigentes mostram que não servem para frear os ataques parciais e que serão inúteis quando a crise capitalista mundial pegue em cheio. São estes mesmos burocratas que se dividem em quatro centrais sindicais (pertencentes ã CTA e CGT) e talvez uma quinta se Barrionuevo manter a CGT Azul-e-branca. Temos que acabar com essa direção traidora. Necessitamos recuperar nossos sindicatos, corpos de delegados e comissões internas para que a crise seja paga pelos capitalistas. Para unir o movimento operário temos que varrer quem nos divide.
Lá estarão os companheiros da chapa Bordô de alimentação, com Javier “poke” Hermosilla da Kraft e Katy Balaguer da PepsiCo, que obtiveram 40% dos votos nas eleições do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação contra a burocracia de Rodolfo Daer. Estarão os companheiros de Zanon e do Sindicato Ceramista de Neuquén, como Raúl Godoy, quem além de levar mais de 10 anos de controle operário da fábrica, colocaram de pé um verdadeiro sindicato classista, com dirigentes que ganham o mesmo que qualquer trabalhador e retornam à linha de produção, uma vez cumpridos os seus mandatos. Estarão os gráficos da La Bordô, que junto os companheiros da La Naranja, obtiveram 40% dos votos contra a burocracia de Ongaro na estratégica zona norte da Grande Buenos Aires. Serão parte da Conferência os delegados e ativistas metalúrgicos e mecânicos organizados na Corrente Nacional “Nuestra Lucha” para derrotar a burocracia nos sindicatos estratégicos como a UOM e o SMATA. Os delegados classistas do Subte, como Cláudio Dellecarbonara, que enfrentam a patronal, aos governos da Cidade e nacional, ã UTA e as vacilações da diretiva de seu sindicato. Estarão presentes também as dezenas de delegados estatais da chapa Marrom de ATE que enfrentam os topos salariais, ou como em hospitais como em Garrahan lutam contra as políticas de esvaziamento e precarização. Igualmente aos docentes da “9 de Abril” que estão na luta pelo salário e na defesa da educação pública. Estarão presentes em Ferro os saboneteiros combativos de Alicorp (ex Jabón Federal) e Procter que armaram a chapa Bordô para recuperar seu sindicato. Os telefônicos da Chapa Violeta, integrados por efetivos e contratados, como se conhece os terceirizados e que FOETRA não os reconhece como telefônicos. Os delegados combativos da LAN, como Charly Platowsky, junto ás dezenas de delegados e ativistas da Agrupação Aeronáutica “El Despegue”. Também participarão os operários imigrantes, costureiros muitos deles, bolivianos na sua maioria, como Yuri Fernández de Brukman. Os ferroviários da “La Bordô” de Roca, que estiveram encabeçando a luta contra a terceirização. E é claro que haverá também seu lugar em Ferro, a juventude revolucionária do PTS que se jogou com tudo em cada conflito e esteve presente nas ruas em cada luta, como na grande greve de Kraft em 2009.
Junto deles centenas de companheiros e companheiras do PTS que são parte de todas estas experiências, as mais avançadas do movimento operário nos últimos tempos.
Convidaremos também aos partidos e agrupações com as quais integramos a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, como companheiros do PO e Izquierda Socialista, assim como os companheiros independentes da Agrupação Marrom do Sindicato Ceramista, com quem viemos impulsionando em comum o periódico Nuestra Lucha. Que a crise seja paga pelos capitalistas. A Argentina capitalista vive uma desaceleração econômica, as patronais e o governo querem que as conseqüências sejam pagas pelos trabalhadores. Diante disto, a Conferência Nacional dos trabalhadores se propõe debater um programa que, entre outros pontos, pretenda a reabertura de eleições paritarias sem teto e um salário mínimo equivalente ã renda familiar de 6 mil pesos, indexado pela inflação. O salário não é lucro: nenhum trabalhador deve pagar esse imposto e que as despesas familiares sejam pagas a todos os trabalhadores. Nem suspenções nem demitidos. É necessário terminar com as divisões entre trabalhadores de primeira e segunda, basta de terceirização e precarização trabalhista, para que sejam efetivados todos os companheiros, para unir e fortalecer a luta de toda a classe trabalhadora. Para lutar por um verdadeiro plano de obras públicas para que tenham acesso ã moradia todos os que precisam. Por maior orçamento ã saúde e educação. É preciso barrar as privatizações e estatizar sob controle operário todo o petróleo, o transporte e o gás. Queremos debater um programa de luta e como levamos a toda a classe trabalhadora, exigindo aos sindicatos e centrais sindicais que rompam sua subordinação aos governos e a oposição patronal e impulsionem planos de luta por estes pontos.
Por sindicatos sem burocratas e por um partido de trabalhadores sem patrões
Basta de burocratas bilionários que há décadas não trabalham. Que todos os dirigentes sindicais ganhem o mesmo que seus filiados e voltem a trabalhar depois de um período, como no Sindicato Ceramista de Neuquén. Eles demonstraram nos fatos que é possível colocar de pé um sindicato sem burocratas, democrático e classista que se une com o restante dos trabalhadores e com todo o povo e se converteram em um exemplo na Argentina e no Mundo.
Porque queremos lutar pelos sindicatos para lutar por toda a classe operária, não só pela minoria que está filiada, e forjar a unidade com o povo pobre. Esta é uma tarefa enorme, chamamos a todos os setores antipatronais e antiburocráticos, independentes das distintas variantes patronais como é o caso dos que conformamos a Corrente Nacional “Nuestra Lucha” e também nossos aliados da Frente de Esquerda, para que impulsionemos antes do fim do ano uma grande Assembléia Nacional de Trabalhadores Classistas. Na Conferência de 8 de Julho também queremos por na discussão a necessidade que temos os trabalhadores de construir nosso próprio partido. O governo, como tem feito com a CTA de Yasky, quer uma CGT oficial com “los gordos” que possuem o apoio do assassino Pedraza, por sua vez Moyano se abraça com Scioli, Barrionuevo com Duhalde e a CTA-Micheli é sócia dos fazendeiros da soja Binner e sua Frente Progressista que acaba de descontar os dias dos docentes em luta da província de Santa Fé.
Os dirigentes sindicais se alinham diante das distintas variantes patronais, dentro e fora do Partido Justicialista (PJ) do peronismo. Temos que acabar com essa subordinação aos partidos dos empresários. A luta meramente sindical não alcança esse objetivo. Nós trabalhadores precisamos de organizações amplas e democráticas para a luta e nosso próprio partido, sem o qual não poderemos triunfar diante do poder concentrado dos capitalistas. Um partido que aprenda a heróica história de luta da classe trabalhadora, tanto a nível nacional, como internacional.
Não queremos ser a coluna vertebral de ninguém, a classe operária deve ser a cabeça que possa dirigir a força de milhões para impor a vontade da maioria sobre a classe capitalista e que lute por um governo dos trabalhadores, para construir uma nova sociedade sem exploradores nem explorados. Por isso nós companheiros do PTS consideramos que os trabalhadores necessitam de um partido revolucionário que lute por este programa e esta estratégia. Vamos ao estádio Ferro com o objetivo de fortalecer e desenvolver a esquerda classista no movimento operário.