FT-CI

México

Preparam o saqueio da PEMEX

09/09/2008

O México é um país semi-colonial cada vez mais dependente dos planos econômicos e políticos das potências imperialistas- fundamentalmente dos Estados Unidos. O governo avança em uma profunda e inédita recolonização do país, que entregou a indústria estratégica ás grandes transnacionais, cedendo soberania, particularmente na economia e nos serviços (como a mineração, os bancos, as telecomunicações) e permitindo uma importante inversão de capital privado na indústria elétrica, gás e petróleo. Desde os anos 1980, os governos do priato sujeitaram a economia, a política trabalhista e as leis sobre aplicação estrangeira aos ditados pelo FMI, mediante as “cartas de intenção” que os trabalhadores pagamos com baixos salários e desemprego. Com o TLC, firmado com os Estados Unidos e o Canadá, a central industrial mexicana se reconverteu em função da produção dos Estados Unidos, e as transnacionais alimentícias dominaram desde estão o mercado de agro, transformando o México em um país importador de grãos. Isso mostra tanto o caráter da burguesia nativa como de seus representantes no Congresso da União, profundamente subordinados ao PAN- muito ligado ideologicamente ã direita espanhola-,trabalharam acordos com as transnacionais desses países, para consumar a "reconquista" do México e garantir as aplicações da burguesia ibérica no banco, telefonia, petróleo, gás e hotelaria, onde ocupam o segundo lugar depois dos Estados Unidos. A recente visita de Calderón ao Estado Espanhol, onde ofereceu a indústria petroleira, além de amarrar um investimento em infra-estrutura no México de 160 milhões de euros para os próximos 6 anos, apontou também a reforçar a cooperação política com Rodríguez Zapatero, para entregar a membros da ETA. Por esse acordo a vice-presidente do Estado Espanhol viajou ao México, junto com 300 de seus maiores empresários. Hoje não são Colón e suas caravelas, mas a grande burguesia da Repsol e a ex pára-estatal "Compañía Logística de Hidrocarburos" os que vem pelo petróleo mexicano.

O Congresso legitima a entrega

Os debates no Senado para discutir a reforma calderonista para PEMEX mostraram o caráter pró-imperialista do Congresso da União. Ali o PRI e o PAN não somente consensuam uma proposta privatizadora intermediária, como preparam novos ataques contra a classe trabalhadora e o povo, como a reforma trabalhista. Também cumprem esse papel os congressos estatais, onde aprovam-se as reacionárias reformas sobre "Segurança Pública" . Os trabalhadores e o povo temos que ser conscientes de que- se em 2006 foram as instituições como o IFE as que legitimaram a fraude eleitoral-, hoje é o Congresso que legitima o roubo do petróleo impulsionado pelos Calderón, os Beltrones e os Mouriño. Lamentavelmente, a aspiração de luta de amplos setores mobilizados contra a reforma, se choca com a política da fração que hoje dirige o PRD (“Nova Esquerda”, dos “chuchos”) cúmplice dos planos do governo panista. O objetivo de sua aproximação ao PAN e ao PRI, disfarçado sob a proposta de "modernizar" a PEMEX, é associar-se aos interesses privatizadores da classe dominante. É que, em última instância, a "Nova Esquerda" é a direita de um partido que em muitos estados administra os negócios capitalistas, e que tem chamado a "respeitar" tanto ás instituições quanto ao Congresso. Frente a isso, AMLO pretendeu impulsionar uma proposta alternativa elaborada por "especialistas" em temas energéticos. Isso foi recebido pelo governo e a Secretaria de Energia, já que, para os privatizadores, a participação do PRD pode ser utilizada para legitimar uma imagem "democrática" do Congresso, enquanto o PRI e o PAN se preparam para aprovar sua proposta por maioria.

Frente ao ataque e ao papel entreguista das instituições, é necessário explicar a função do Congresso da União e retomar as ruas enfrentando de maneira independente a entrega do petróleo.

Lutemos contra a entrega ao imperialismo. Somente os trabalhadores, junto aos setores explorados e oprimidos da população podem rechaçar, com seus métodos de luta, essa ofensiva imperialista. Isso requer que os sindicatos opositores mudem sua política de apostar que o voto dos deputados e senadores do PRD freie os planos privatizadores. A luta contra a recolonização do país requer que retomemos a ofensiva, com a mobilização operária e popular, já que é nas ruas- e não no Congresso da União- que construiremos uma real oposição ã reforma energética. Por isso, o SME, a UNT, a CNTE e outros tem que chamar a greve nacional. Está em jogo a entrega do país ás empresas transnacionais, e a dependência energética, econômica e financeira dos países imperialistas, que terão, maior ingerência ao considerar como assuntos de segurança nacional seus negócios no México. Para consegui-lo, os trabalhadores e os oprimidos do campo e da cidade teríamos que chamar a romper com o TLC e os demais pactos com o imperialismo, pois só assim avançar-se-á na luta pela independência econômica da nação. Em última instância, a soberania nacional não reside nos debates no Congresso da União como “representantes do povo”. A mesma só pode ser conquistada com a força mobilizada dos trabalhadores, acaudilhando os setores explorados e oprimidos pelos pactos com o imperialismo e as classes médias arruinadas, apontando contra as bases do regime entreguista e para a luta revolucionária por um governo dos operários e camponeses que exproprie aos capitalistas, proprietários de terra e transnacionais.

Um debate necessário

Por Martín Juarez

Recentemente, várias organizações formaram a Coordenação pela Unidade dos Socialistas e publicaram um manifesto sobre a PEMEX. A necessidade de reagrupar as forças socialistas é chave e deve ser discutida, por isso a proposta da CUS merece atenção e análise crítica.

Desde a LTS-CC, temos pretendido discutir as bases estratégicas e programáticas de um partido de trabalhadores revolucionário, socialista e internacionalista, para o qual distribuímos recentemente uma carta pública, disponível em nosso site. E formulamos propostas de frente única, como o 1° de maio passado, chamando a formar um contingente unitário, perspectiva sob a qual marchamos conjuntamente com estudantes e trabalhadores do DF e do Edomex.

Longe de todo sectarismo, a busca por confluir permanentemente na luta de classes (e mais ainda, a unidade orgânica) deve ter claras bases programáticas e uma política de independência de classe. Lamentavelmente, muitas tentativas anteriores de reagrupamento da esquerda socialista, realizaram-se sem uma política independente do PRD, e inclusive ligando indiretamente as propostas de unidade dos socialistas a esse partido. Sem dúvida, no México qualquer "unidade dos socialistas" tem um teste na atualidade frente ao PRD. Ao ler o manifesto da CUS, a discussão volta a aparecer.

Os socialistas e a luta contra a reforma

O manifesto chama a participar na consulta, explicando que "existem decisões políticas fundamentais que fazem a cada Constituição e que refletem um pacto social histórico; que não pode modificar-se por votações de maiorias conjunturais ou circunstanciais, e é necessário o voto majoritário do povo para modificá-las.". Sob essa perspectiva consideram que, se "o grupo governante insiste em utilizar sua maioria para aprovar a reforma, estaremos diante de um confronto que colocará na ordem do dia a necessidade de realizar uma Paralisação Nacional.".

Como sustentamos então, frente a consulta deviamos participar com um programa independente e favorável ã mobilização operária e popular. E tinha-se que ficar alerta a qualquer perspectiva que conduzisse a luta para mecanismos que não privilegiavam a mobilização. No entanto, no manifesto alimentam-se ilusões nos mecanismos "democráticos" como garantia da vontade popular e menciona-se acriticamente a AMLO, enquanto se omite uma política socialista independente.

A proposta de um "movimento de movimentos" onde, "sindicatos, Diálogo Nacional, agrupamentos democráticos, estudantes, etc.,sejam levados em consideração igual as organizações políticas", está longe de superar a estratégia lopezobradorista que - compartilhada pelas direções desses "movimentos"-, sempre teve como fim último exercer pressão sobre o regime político. Ir mais além da política da AMLO implica chamar a mobilizar de forma revolucionária contra suas instituições, sem nenhuma confiança em sua "democratização".

Mas a localização dos companheiros os leva a minimizar os métodos de luta da classe operária. A paralisação nacional é pensada como um último "recurso" no caso de que Calderón despreze a vontade popular. Pelo contrário há que criticar os argumentos das direções sindicais opositoras, que não chamaram a paralisação e agora nos dizem que o farão quando se aprovarem as reformas.

Nossa proposta é concreta: realizar uma enérgica campanha unitária dos socialistas para que os trabalhadores encabecem a mobilização, exigindo a preparação da paralisação nacional; isso mostraria um bloqueio capaz de atrair aqueles que se orientem a esquerda. Isso é necessário em momentos nos quais cresce o descontentamento e o PRD não pode dar saída ás aspirações das massas.

Que programa para PEMEX

O manifesto busca dar uma resposta programática para PEMEX. Apresenta-se assim: "a incorporação do México ã OPEP e da dusca da integração energética com nossos irmãos do resto da América Latina e do Caribe". Propõe "uma revolução fiscal que ponha fim ao não pagamento de impostos por parte dos grandes empresários nacionais e estrangeiros.", e "a integração da PEMEX em uma só entidade vertical", pontos similares aos que levantam setores da CND e AMLO.

Chama-nos a atenção que, em um programa socialista (que propõe erroneamente uma utópica aliança latino-americana... com governos nacionalistas burgueses), não se mencione a renacionalização das áreas já concedidas ao capital privado e o controle operário da PEMEX, medidas que são chave para uma saída ã "crise" da PEMEX seja favorável aos trabalhadores. As propostas formuladas pelo Manifesto ainda que poderiam melhorar conjunturalmente a situação da PEMEX, devem ser aprofundadas radicalmente para questionar efetivamente a privatização encoberta existente. Nesse sentido, há que propor a completa renacionalização e que a PEMEX esteja a serviço das maiorias populares (para que já não seja uma pilhagem das frações burguesas), para o qual deve estar sob controle dos trabalhadores.

Nesse sentido, nos parece um erro importante que o manifesto não levante medidas elementares numa perspectiva socialista, como o controle operário, e inclusive anti-imperialista, como a renacionalização. Alguns companheiros argumentarão que é para não "romper a unidade" e para "dialogar" com os trabalhadores. Nós acreditamos que, para dialogar com qualquer trabalhador que queira enfrentar a privatização não há proposta melhor que renacionalizar e colocar o petróleo a serviço efetivo do povo.

É evidente que uma proposta que pretenda a renacionalização sob controle dos trabalhadores é diferente do que propunha a AMLO, e implica debater com essa direção e saber dialogar com os milhões que confiam nela. Para os socialistas é inprescindível, já que- como dizia Trotsky em 1938- é necessário um programa alternativo ã "burguesia nacional", para resolver as demandas operárias e camponesas, enfrentar a dominação imperialista e o poder dos capitalistas, lutando para que os trabalhadores tomem em suas mãos as rédias da economia.

Traduzido por Beatriz Michel

  • TAGS
Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)