Argentina: Frente classista e da esquerda socialista
Proposta aos trabalhadores combativos e ã esquerda
10/06/2006
Proposta aos trabalhadores combativos e ã esquerda
Por: Manolo Romano
Fonte: La Verdad Obrera N° 189
> Para apoiar e coordenar as lutas, agrupando as organizações combativas e os novos delegados em um Encontro Operário Nacional que ajude a enfrentar ás patronais e promova a eleição de novas comissões internas e delegados nos locais de trabalho, contra a burocracia sindical.
> Para fazer frente ás perseguições do governo, dos burocratas e opressores contra os setores combativos e a esquerda.
> Para levantar uma clara alternativa de independência política dos trabalhadores frente ao governo de Kirchner, o PJ e todas as variantes patronais.
Os de cima saíram moralizados com a Praça do SI no 25 de maio. Na segunda-feira passada, o governador de Buenos Aires, Felipe Solá desceu de helicóptero no Astillero Río Santiago com a pretensão de fazer um ato em plena fábrica, enquanto os trabalhadores se mobilizam para que sejam cumpridas as promessas de reativação e os novos postos de trabalho. Solá se negou a recebê-los e mandou seus bate-paus para agredir os delegados. A patronal Telefônica- na Capital- demitiu 42 trabalhadores terceirizados de Atento que vinham lutando e organizando-se - com aval do próprio sindicato Foetra - para passar o convênio.
Certamente, setores da burocracia sindical buscarão aproveitar o respaldo político concebido pelo presidente para se arremeter contra novos delegados e listas de oposição nos sindicatos. Já pudemos observar a diretiva do grêmio no docente -APUBA- o ataque aos estudantes que lutam pela democratização da Universidade de Buenos Aires; o envio de bate-paus da UOCRA de Neuquén para reprimir as professoras que pararam as ruas contra a Sobisch e por aumento salarial; a demissão de ativistas pela multinacional PepsiCo, com o aval da Daer, e expulsão dos delegados representantes dos trabalhadores; e a repressão e prisão dos petroleiros de Las Heras, em Santa Cruz pelo próprio governo. Todos aqueles que o governo não foi capaz de “cooptar”, ou seja, comprar com a caixa de fundos públicos, são isolados e perseguidos. É de se esperar que esta moralização dos de cima encontre uma dura resistência de luta dos trabalhadores que vêm recuperando suas posições.
Por isso, o primeiro fundamento da proposta do PTS de uma Frente Classista da Esquerda Socialista é para que as organizações combativas dos trabalhadores, o movimento estudantil e a esquerda formemos as nossas filas ante aos ataques que podem se desencadear após a Praça do SI. A primeira tarefa deste reagrupamento de forças é apoiar todas as lutas em curso, por menores que sejam, já que se trata de disputas de forças com os de cima.
Para tanto é necessário construir um Encontro Nacional de Trabalhadores junto aos corpos de delegados, comissões internas e ativistas combativos de todo o país. Uma reunião operária deste caráter seria de enorme utilidade para impedir que as lutas se isolem, sendo cercadas de solidariedade levando as reivindicações ã vitória, além de impulsionar a eleição de novos dirigentes na base do movimento operário como alternativa ã burocracia sindical que está respaldada desde cima pelo governo e empresários, odiada pela maioria dos trabalhadores.
Independência política
Uma lição indiscutível que os trabalhadores conscientes podem tirar do ato de Kirchner, é a necessidade de uma política independente, lançada pelos próprios trabalhadores. A falácia da burocracia sindical nos grêmios contra os militantes e a esquerda, apoiando-se nos companheiros menos conscientes de que “não temos que nos meter na política” ficou completamente exposta. Todos os aparatos sindicais se definiram politicamente a favor de Kirchner e o PJ, colocando os fundos das quotas sindicais a serviço do ato governista da Praça. A maioria das cúpulas dos sindicatos da CGT está aliada ã maquinaria de opressores do velho PJ que administram a caixa do Estado desde as gestões governamentais. Outro setor sindical, como De Gennaro de la CTA, vai a reboque do que restou da centro-esquerda e do partido radical. A falta de uma oposição classista ao governo deixa nas mãos da direita as críticas a Kirchner, ou de uma centro-esquerda que pouco se diferencia, como nota-se nas coincidências entre Elisa Carrió e Ricardo López Murphy.
Além de lutar pela independência dos sindicatos do Estado e dos partidos patronais, é una necessidade dos trabalhadores com consciência de classe construir sua própria ferramenta política. A discussão sobre a “unidade da esquerda” não tem nenhum sentido progressivo por fora desta tarefa. Este é o segundo fundamento da proposta do PTS aos trabalhadores combativos e ã esquerda: uma Frente Classista e da Esquerda Socialista para impulsionar um bloco de ação política na luta de classes bem como no terreno eleitoral que promova a independência política dos trabalhadores.
A partir do jornal La Verdad Obrera do PTS, colocaremos todos os nossos esforços orientados nesta perspectiva, difundindo as lutas e buscando o apoio de amplos setores, promovendo os processos de reorganização operária, interpelando politicamente aqueles que protagonizam as lutas para superar o sindicalismo meramente reivindicativo, difundindo as idéias do marxismo na classe trabalhadora; abrindo estas páginas ao debate entre os trabalhadores classistas, os estudantes combativos e as correntes da esquerda. Buscamos criar uma ampla rede de co-responsáveis e militantes deste jornal para construir uma forte esquerda socialista dos trabalhadores, revolucionária e internacionalista.
Comunicado do PTS ante a "Autoconvocatória da esquerda"
Frente a um artigo publicado na Página/12 que se remete ás discussões entre partidos de esquerda, em que são feitas alusões ã posição do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), mediante a chamada “Autoconvocatória da esquerda”, Christian Castillo, dirigente nacional de nosso partido, declarou: “O PTS vem insistindo que a unidade dos militantes classistas e da esquerda operária e socialista só poderá se efetivar a partir de claras bases políticas. Em primeiro lugar, o rechaço ao governo de Kirchner, que garante os super-lucros dos capitalistas nacionais e estrangeiros, agora explicitamente aliado dos opressores do PJ e os burocratas sindicais que foram cúmplices de Menem e Duhalde.
Em segundo lugar, um programa que parta da luta pela independência política da classe trabalhadora, contrário a qualquer forma de colaboração de classes. Lamentavelmente, os principais impulsionares da ‘Autoconvocatória’ da esquerda rechaçaram estes planos, pois insistem em ligar-se a figuras provenientes dos partidos patronais, inimigos do classismo, como o ex-funcionário menemista e duhaldista Mario Cafiero”. Castillo esclareceu: “por isto, o PTS não convocou o seminário organizado nos dias 27 e 28 de maio, ainda que tenha enviado uma delegação para observar as deliberações. Lá pudemos constatar como nem sequer aqueles que originalmente impulsionaram a ‘Autoconvocatória’ conseguiram chegar a um acordo, nem para lançar uma declaração contra o governo da Praça do SI, nem ao menos para coordenar as organizações combativas e suas lutas”.
Finalmente, “este fracasso se remete a falta de bases políticas classistas e socialistas dessa proposta e a busca de acordos de ocasião sem a participação real dos trabalhadores combativos. Por nossa parte, seguiremos insistindo na necessidade de construir uma Frente Classista e da Esquerda Socialista”.