Todo o apoio aos trabalhadores, até derrotar o ataque da empresa
Terrabusi: uma grande batalha da classe operária
10/09/2009
A luta das trabalhadoras e trabalhadores de Terrabusi continua tenazmente. Desde que no dia 18 de agosto houveram mais de 160 demissões, os trabalhadores começaram uma luta que incluiu até agora assembléias permanentes continuas, três fechamentos da Panamericana (rodovia em frente ã fábrica), duas marchas ao Ministério do Trabalho, além de dois festivais, um de mais de 1000 pessoas, e atos na porta da empresa. Os trabalhadores de Terra, em que pese a conciliação obrigatória ditada pelo Ministério do Trabalho que busca manter passivos aos operários durante 20 ou 30 dias, mantiveram-se firmes e em pé na luta. A patronal violou de forma sistemática suas “obrigações” na conciliação sem que o Ministério do Trabalho fizesse algo serio para impedi-la, para além de suas intimações. Neste marco os trabalhadores não ficaram a esperar as boas gestões que prometia Rodofo Daery e lutaram. Diferentemente de outros conflitos, onde a conciliação significou para os trabalhadores uma maior trava para desenvolver sua luta como foi o caso de Fate, onde conseguiram poucas assembléias e marchas, aqui se pôde manter uma mobilização importante. Nisto cumpriram um grande papel os ativistas, os demitidos e os não demitidos, que contam com o apoio da base da fábrica que se mantém em sua grande maioria solidária com os demitidos.
Depois da mobilização ao Ministério da quarta-feira passada, a direção do sindicato deu por finalizada sua participação na luta. Desde esse momento tentam convencer aos companheiros para que deponham toda medida. Chegaram ao cúmulo de convocar uma Plenária de Delegados do sindicato para se negar a votar qualquer medida de apoio a Terrabusi. Depois da marcha da quarta 26 chamada por Daer, continuou por mais um dia a paralisação de atividades sob a fórmula de “assembléias permanentes” sempre fustigadas pela empresa e agora pelo próprio sindicato. Depois de dias de luta e apertos contínuos, os trabalhadores decidiram “descansar” uns dias em suas medidas mais duras como a assembléia permanente em toda a jornada de trabalho. Esta decisão foi tomada por alguns trabalhadores como uma “trégua” para poder recuperar forças e tinha como dada de finalização a terça-feira ás 6h da manhã. A empresa respondeu com prepotência. Fechou a entrada da fábrica com um alambrado intimidante, reforçou a segurança e despediu a um reconhecido ativista no meio da conciliação e a patronal nem sequer foi intimada pelo Ministério para que cesse com esta medida ilegal. Cada minuto que os trabalhadores o tomam para descansar é utilizado pela patronal para atacar. Por isso foi correta a decisão de estabelecer uma data precisa de retorno ás medidas de luta no momento em que se produziu a “trégua”. Na terça passada ás 6h em ponto se retomou a paralisação das atividades. Os apertos de gerentes, líderes e agentes de segurança foi novamente brutal. Os demitidos colaboraram para que seja possível garantir as medidas dispostas. Os gerentes e a segurança chegaram até a agressão para tentar quebrar aos trabalhadores. Não puderam. Na quarta 2 de setembro voltou-se a fechar a Panamericana e a luta dos trabalhadores de Terrabusi voltou a ocupar um lugar destacado nas notícias do país. Um grupo de trabalhadores e familiares foram até o Congresso para se encontrar com deputados e conseguir apoio. Na quinta participaram das marchas das Madres na Plaza de Mayo. As medidas a tomar podem ser muitas, as que melhor se ajustem ã força dos próprios companheiros tendo em conta aos distintos setores da fábrica. Para isso é necessário que as assembléias sejam massivas e seja possível discutir com profundidade quais são as medidas de luta mais adequadas para mantê-las no tempo, como se conseguiu fazer no turno da noite, onde na quarta passada se reuniram mais de 300 companheiros para resolver os passos a seguir. Agora nos distintos turnos se está discutindo qual é a melhor forma de seguir. Há companheiros que defendem a necessidade de organizar-se melhor e formas Comissões de Luta em cada turno para organizar um fundo de luta, a difusão do conflito e as distintas atividades que requer uma briga desta envergadura, que é sem dúvida a greve de fábrica mais importante das últimas décadas. O fundo de luta é fundamental porque a empresa já disse que não queria pagar o salário aos companheiros demitidos. A patronal ianque, com um cinismo inédito, os acusa de não cumprir com suas tarefas assinadas, ou seja, por não estarem fechados em um quincho como eles querem. Os companheiros de Zanon cumprindo com sua promessa contribuíram já com 2000 pesos e em distintos lugares se está juntando dinheiro que tem que ser o necessário para que ninguém tenha que abandonar a luta por esse motivo.
Por outro lado temos que nos preparar para os dias que se vem, que serão decisivos. Na terça 8 vence a conciliação obrigatória e ninguém sabe se o Ministério, que faz já uma semana não convoca a audiências, a prorrogará ou não. Como seja, a luta tem um objetivo claro: “Todos dentro, nenhum companheiro na rua” e temos que estar organizados para tomar as medidas necessárias e mais contundentes se a patronal não retrocede. Não só desde Terrabusi, senão também desde todas as fábricas do sindicato tem que arrancar-lhe [ao sindicato] a paralisação geral da alimentação que se vem reclamando desde a base, e pedir medidas de ação concretas ã CGT e ã CTA.
O PTS põe todas suas forças para que esta luta triunfe, porque sabemos o que significa este ataque, a intenção de derrotar a um ativismo estendido que conquistou junto ã base da fábrica uma nova organização como é o Corpo de Delegados por setor que impede que a patronal possa descarregar com todas suas forças o custo da crise sobre as costas operárias. Querem impedir que este exemplo de organização independente se estenda pelas grandes concentrações operárias da Zona Norte e, porque não, de todo o país. Sabem que se isto acontece se começaria a gestar um movimento operário combativo no coração da grande indústria. É por isso que temos que lutar até derrotar o ataque da empresa.
– Vozes dos trabalhadores: “Não temos que abaixar os braços, temos que lutar”