Chile
A-90, um questionamento ás estruturas de poder da educação pinochetista
10/01/2012
Notícias, declarações e vídeos da luta em defesa do colégio A-90 no Chile, que foi autogestionado por estudantes, pais e professores. Conheça o blog (em espanhol): http://a90enpie.wordpress.com/
Veja esse artigo anterior publicado em português que sintetiza a experiência: http://www.ler-qi.org/spip.php?article3173->http://www.ler-qi.org/spip.php?article3173]
DECLARAÇÃO DE SOLIDARIEDADE AO LICEU A-90. NÃO AO FECHAMENTO!
Defender o A90 é defender a educação pública
O A-90, em 2011 foi parte da importante luta que o movimento estudantil secundarista e universitário levantou pela educação gratuita, a qual chegou a ser apoiada por 80% da população.
As demandas que os estudantes levantaram ao longo desta mobilização histórica, rapidamente avançaram para questionar um dos pilares privatizadores herdados da ditadura militar, como é a educação de mercado nos colégios, liceus e universidades. A precarização e privatização da educação é uma realidade brutal que recai sobre os ombros das famílias trabalhadoras e populares, por isso, os estudantes do A-90 levantaram a demanda da educação gratuita e de qualidade para todos/as, ao mesmo tempo que aderiam o “movimento de ocupações” nacional que a ACES convocou no inicio da mobilização, ao qual aderiram mais de 700 liceus nacionalmente, quando todas as universidades do CRUCh paralisaram em conjunto com um importante número de estabelecimentos privados, transformando essas ocupações e paralisações no coração da mobilização.
Hoje, os estudantes do A-90 estão há quase 7 meses ocupados, sendo parte de uma juventude que se levanta sem medo para questionar todas as misérias que este sistema que favorece poucos nos impôs.
O A-90 demonstra que é possível assentar as bases de uma educação a serviço dos trabalhadores e do povo
A esta luta se uniram professores e pais de maneira ativa, lutando ombro a ombro com os estudantes, decidindo impulsionar a autogestão em seu liceu. É assim, como não somente questionaram a venda de um direito básico contrapondo-o ã necessidade da Educação Gratuita, como também questionaram a forma de administrar a educação, mostrando que é possível que se organize através dos três setores. Nos últimos 2 meses, os professores deram aulas, organizados com os estudantes e pais, definiram juntos os conteúdos destas, os horários, oficinas, assembleias, paralisações, atos. Estabeleceram, além disso, uma relação entre eles de afeto, companheirismo e luta, que não se vê em nenhum outro liceu.
Os estudantes se sentiam mais livres e dispostos a aprender sem a fustigante autoridade de diretores e inspetores. Estabeleceram juntos as regras de funcionamento do liceu como foi o caso de retirar a exigência do uso de uniforme, permitindo que os estudantes pudessem expressar-se livremente, criaram uma comissão de disciplina com os três setores para discutir e refletir juntos como manter o liceu e potencializar a autodisciplina, entre outras muitas coisas.
Os professores, apesar das ameaças das autoridades, apoiaram os estudantes e decidiram ser parte de um projeto de luta que demonstra em pequeno que é possível uma educação organizada por seus atores fundamentais.
Sua vocação docente foi exemplar, já que continuaram dando aulas sob novas bases e, hoje fizeram da educação gratuita, parte de sua própria luta.
Por sua vez, os pais levantaram assembleias todas as semanas para apoiar o movimento e discutir como deviam funcionar os liceus e a educação de conjunto, deixando claro que a demanda pela educação gratuita é uma demanda de todas as famílias trabalhadoras e populares. A educação no Chile se encontra sob as normas das leis de mercado e da imposição da repressão desde a infância, que nos prepara para trabalhos precários e para baixar a cabeça no mundo do trabalho. Eles demonstraram com uma pequena experiência que é possível dar passos gigantes com a unidade dos estudantes, professores e pais na educação que não esteja em função das lógicas de mercado.
Hoje, frente a esta avançada experiência, o prefeito de San Miguel, Julio Palestro, militante do Partido Socialista e da Comcertación, enviou uma carta aos pais e responsáveis para incentivá-los a tirar os estudantes e poder fechar o liceu, que leva décadas de formação, que tem uma infraestrutura que poderia receber 4 mil estudantes. Mas isso não é algo novo: desde a ditadura, que se vem tentando acabar com a educação pública, e cada vez mais se tenta privatiza-la, por exemplo, venderam metade do liceu, fechando o jardim de infância, o ensino básico e o noturno; e hoje, há somente um curso por nível a partir do 7° básico até o 4° médio.
Há tempos que apontam a liquidar este colégio, sendo que poderia estar a serviço dos filhos dos trabalhadores e das famílias pobres. Vemos que nacionalmente já se anunciam fechamentos de liceus e demissões de professores, utilizando como desculpa a mobilização estudantil para realizar uma ofensiva contra a educação pública. O anúncio do fechamento do A-90 é um dos exemplos mais gráficos desta política, por ser referência dos liceus ocupados e uma das experiências mais avançadas de unidade entre professores, estudantes e pais. Defender o A-90 é defender a educação pública nacionalmente! Não ao fechamento do A-90!
ASSINAM:
– JAMES PETRAS, Sociólogo
SERGIO GREZ TOSO, Doutor em Historia, Universidad de Chile.
OMAR SALAZAR, Magister em Filosofia, Universidad de Humboldt Berlim.
LEONORA REEES, Historiadora, U. de Chile
PABLO ARTAZA, Doutor (em curso) em Historia, Académico da Universidad de Chile.
RAÚL ZIBECHI. Periodista e escritor uruguaio
ANA là“PEZ DIETZ. Professora de Historia, UAHC. Doutoranda em Estudos Latino-americanos, Universidad de Chile
XIMEMA VALDÉS SUBERCASEAUX. Doutora em Estudos Americanos. Diretora do Centro de estudos para o Desemvolvimemto da Mulher. CEDEM.
PAULA RAPOSO Q. Professora de Estado em Historia e Geografia, Acadêmica UAHC
MÓNICA TOIGO, Licenciada em Comunicação Social. Docente da Universidad Nacional de La Plata. Argentina
MIGUEL FUEMTES, Licenciado em Antropologia com memção em Arqueologia. Licenciado em Historia. (Universidad de Chile)
CLAUDIO ALVARADO LINCOPI, Licenciado em Historia UAHC
LUIS PINO MOEANO. Licenciado em Historia com menção em Estudos Culturais, Universidad Academia de Humanismo Cristiano.
GALIA AGUILERA, Licenciada em Historia com menção em Estudos Culturais, Universidad Academia de Humanismo Cristã CENTRO DE ESTUDANTES DE DERECHO (CED)
RAÚL NÚÑEZ BROWTON. Presidente Colégio Professores Comunal Algarrobo
MARÍA ISABEL MARTÍNEZ LIZAMA. Presidente Comunal El Quisco, CCPP
JAVIERA MARQUEZ, Estudante de periodismo Usach. Candidata a presidente por la Lista D Seguimos em Pie a la FeUsach.
BáRBARA BRITO, porta-voz Licenciatura em Filosofia e Conselheira FECh. Faculdade de Filosofia e Humanidades, Universidad de Chile.
NATHALE FLORES TORRES, Delegada de la Escuela de Psicología, Universidad Católica del Norte
SEBASTIáN FARFáN presidente de la FEUV.
AQUILES HERNáNDEZ vice-presidente FEPUCV
CRISTIAN VILCHES, Secretario Executivo FEUCN 2011, militante del Partido de Trabajadores Revolucionario- Classe contra Classe
BEATRIZ BARRA ORTIZ, Delegada Licenciatura em Antropología Universidad Católica de Temuco, Agrupación Combativa e Revolucionaria.
NÉSTOR VERA E DANIEL CEA, Delegados Federación de Estudantes de la Universidad de Antofagasta
IO JAVIERA GIURIA, porta-voz secundaria Liceu Internado Nacional Feminino (INF)
CARLOS TAPIA - Coordenador Geral CEFH. Faculdade de Filosofia e Humanidades Universidad de Chile
GABRIEL MUÑOZ, coordenador Licenciatura em Historia. Faculdade de Filosofia e Humanidades Universidad de Chile.
RICARDO PÉREZ, porta-voz Língua e Literatura Inglesa e delegado a la coordenadora de campus. Faculdade de Filosofia e Humanidades. U. de Chile.
NATALIA FLORES, porta-voz Língua e Literatura Inglesa. Faculdade de Filosofia e Humanidades U. de Chile.
DAUNO TÓTORO, porta-voz Historia, Faculdade de Filosofia e Humanidades Universidad de Chile.
BEMJAMÍN INFANTE, porta-voz Historia e conselheiro FECh Faculdade de Filosofia e Humanidades U. de Chile
MAURICIO DÍAZ, porta-voz Licenciatura em Língua e Literatura Hispânica e delegado ao Conselho de Faculdade de Filosofia e Humanidades Universidad de Chile
CRISTÓBAL PORTALES, porta-voz Filosofia e conselheiro FECh Faculdade de Filosofia e Humanidades U. de Chile
Álvaro PÉREZ, porta-voz Historia, Faculdade de Filosofia e Humanidades. U. de Chile.
KARINA JAQUE PARRA, porta-voz licenciatura em filosofia. Faculdade de Filosofia e Humanidades. Universidad de Chile.
BEATRIZ BRAVO, Ex Conselheira FECh Faculdade de Filosofia e Humanidades. U. de Chile
VALERIA EAÑEZ, ex Conselheira FECh Faculdade de Artes. U. de Chile.
Elà AS MUÑOZ, ex Conselheiro FECh Faculdade de Ciências. U. de Chile.
AGRUPACIÓN COMBATIVA E REVOLUCIONARIA
COLECTIVO DIATRIBA
ASAMBLEA GERAL DE ESTUDANTES DEL DEPARTAMEMTO DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS
ANARKÍA TROPICAL, ex-alunos do colégio A-90 JASHO
Manifestação contra o prefeito PS contra o fechamento do Liceu A-90
Beatriz Bravo Ex Conselheira FECh Filosofía e Humanidades. 2010-2011 PTR-CcC
Ao meio-dia de quarta, 21 de dezembro, esteve parcialmente quente em São Miguel. Em plena Grande Avenida, em frente ã prefeitura, cerca de 70 pessoas se concentraram para repudiar o anunciado fechamento do Liceu A-90, que permanece ocupado e que está sendo autogestionado por seus alunos, representantes e uma parte de seus professores. Estudantes secundaristas e universitários, representantes e docentes, manifestaram seu descontentamento ao prefeito da comunidade, Julio Palestro (Partido Socialista). Cantos, tambores e panfletos, buzinadas dos automóveis, interromperam a rotina.
Passaram cerce de 45 minutos de manifestação para que o prefeito concordasse em receber três pessoas. Entraram o porta-voz da ocupação, um professor do liceu e um estudante. A reunião foi tensa. Além de Palestro, estavam presentes a Diretora de Educação, Ruth Carrillo (do PRSD), o Secretário Geral da Corporação Municipal de São Miguel (Jaime Fuentealba), e um acessor do prefeito. Cristóbal Espinoza, o porta-voz da ocupação, lhes disse que ã comunidade do A-90 lhes parecia muito preocupante que o prefeito incite representantes a trocar seus filhos de liceu. O colégio, ao não ter matrículas, será fechado. Com prepotência, o prefeito lhes respondeu que se eram um liceu “autogestionado”, por que então não geriam os salários dos professores e o pagamento de luz e água? Também lhes colocou que a prefeitura já estava empreendendo ações legais por suposta depredação do colégio. Os representantes do liceu, sem nada mais a dizer, entregaram 1284 assinaturas, uma carta de respaldo ao liceu assinada por importantes intelectuais como o sociólogo americano James Petras e o historiador Sergio Grez e cartas de solidariedade de dirigentes estudantis de vários pontos do país.
Enquanto o professor e os estudantes que haviam entrado para a reunião saiam da prefeitura, os guardas que controlavam a entrada algemaram Cristóbal Espinoza, o porta-voz da ocupação, impedindo que saísse das dependências. Ao não haver uma resposta positiva, os ânimos se inflamaram. Um grupo de estudantes, ao ver esta ação injusta por parte dos guardas, tentou entrar nas dependências da prefeitura para impedir que as agressões aumentassem. O prefeito mandou forças policiais. Forcejo, gritos, desespero, raiva e impotência fizeram parte desta intensa jornada. Carabineiros estavam presentes, tentando dispersar os manifestantes. Golpearam brutalmente Isidro Martínez, candidato ã vice-presidência da FEUSACH, pela lista D “Seguimos en pié”, o qual, enquanto escrevemos estas linhas, segue preso, como também os militantes do PTR Javiera Márquez, candidata ã presidência da lista D na USACH, Fabián Puelma, que encabeçou a lista E “Abran paso a la lucha” nas eleições da FECH e outros estudantes e professores do PTR. Mais uma vez, os estudantes e professores sofrem a repressão dos carabineiros, seja pelas mãos da Concertacion ou da direita; durante este ano, milhares de estudantes foram presos, centenas deles golpeados e dezenas torturados por lutar contra a educação de Pinochet, por defender a educação gratuita ou, neste caso, a experiência do liceu A-90 autogestionado por estudantes, professores e representantes.
Hoje, mais do que nunca, é necessário impulsionar a luta em defesa do A-90. Convidamos todas as federações estudantis, centros de alunos e representantes, organizações políticas e sindicais, a somarem-se a esta campanha.
Não ao fechamento do A-90! Basta de repressão da democracia para os ricos da Direita e da Concertación!
A revanche contra o A-90
Raúl Fernández
O liceu A-90 de San Miguel está ocupado há 6 meses, desde setembro, por estudantes, representantes e professores, o que colocou este liceu periférico no centro das atenções de uma série de intelectuais e organizações. O teórico social David Harvey e o jornalista uruguaio Raúl Zibechi são algumas das personalidades que visitaram o liceu. Diversos voluntários universitários organizaram oficinas de teatros, fotografia, break dance e estêncil. Tudo isso foi “incorporado” ao currículo tradicional.
No domingo, 18 de dezembro, estudantes de teatro da Universidad de Chile apresentaram dentro do liceu a obra teatral “La Canción Rota”. Vizinhos e estudantes assistiram a peça. Internamente, os ânimos estão alerta. O prefeito Julio Palestro, militante do Partido Socialista enviou uma carta assinada por ele, em que incita os representantes a que mudem seus filhos ou ao Andrés Bello ou ao Betzabé. É uma verdadeira revanche contra este enorme exemplo de auto-organização e unidade de estudantes, professores e representantes. Isso é preocupante, pois com a queda das matrículas, o fechamento seria inevitável. Em 2010 o prefeito fechou o básico. Frente ao eventual fechamento, parte da “comunidade escolar” organizou uma “Assembleia em Defesa do A-90”, que está realizando uma série de ações com o objetivo de impedir o fechamento deste tradicional liceu de San Miguel.
Estes fatos, nos revelam uma vez mais como os militantes da Concertación são ferrenhos defensores do neoliberalismo na educação. Ainda que Palestro diga “defender a educação pública”, na verdade está executando em sua comunidade a política que a nível nacional a direita leva adiante com os fechamentos e fusões que deixaram professores sem trabalho e estudantes com cada vez menos opções de educação pública. Os estudantes do A-90 seguem a 6 meses lutando para derrubar o modelo neoliberal de educação. Temos que tomar sua força como exemplo e nos solidarizar na luta contra o fechamento deste liceu.
18 de dezembro
O “progressismo” empresarial mete seus narizes no A-90
Raúl Fernández
O colégio A-90, localizado na sub-prefeitura de San Miguel, Santiago, foi desocupado. No dia 26 de dezembro, os estudantes da ocupação receberam das mãos dos Carabinieros (polícia chilena) uma carta assinada pelo Secretário Geral da Corporação Municipal de San Miguel, o senhor Jaime Fuentealba (PS), que pedia o abandono imediato do estabelecimento.
Este fato marca o fim do período de autogestão que os estudantes mobilizados protagonizaram junto a país e professores, questionando as estruturas de poder da educação neoliberal e que colocou o colégio no centro de atenção de múltiplas organizações e intelectuais. Fica a lição, a conquista, que significa ter colocado de pé um colégio “sem direção”. O movimento estudantil saberá integrá-la nas suas próximas lutas.
A campanha de coleta de assinaturas na campanha de apoio, que reuniu mais de 1300, mostra a grande tradição do colégio na sub-prefeitura. Nos bairros de Recreo e Brasilia praticamente não há uma quadra onde não haja um ex-aluno. Em San Miguel já começou a se ativar um alerta ante um eventual fechamento do colégio, anunciado tacitamente por Palestro em uma carta dirigida aos pais.
O PRO (Partido Progressista) de Marco Enríquez-Ominami, talvez esteja bem inteirado do assunto. Matías Rioseco, membro desta organização e pré-candidato a vereador pela sub-prefeitura, publicou em seu blog (locuraorganizada.blogspot.com), um artigo extenso referente ao A-90.
O próprio Ominami havia assinado a carta de solidariedade que os estudantes fizeram circular. Ofereceram ajuda com pesquisas e imprensa. O que busca o PRO? Ganhos eleitorais. Em 2012 são as eleições municipais. Para o PRO é conveniente desprestigiar Palestro para negociar em melhores condições suas cotas de poder em uma próxima administração, ou para – diretamente – minar sua base eleitoral para favorecer um candidato mais afim ao PRO. Quer aparecer defendendo um colégio do fechamento.... ainda que há que ver até onde.
Pode-se confiar na sua “boa intenção”? Não. Como fazê-lo se Ominami defendia quando era candidato presidencial privatizar 30% de Codelco?
No seu “programa educativo” sequer fala de gratuidade em 100% da educação e na prática propõe bolsas para uma parcela de estudantes mais pobres. Isso deixa intacta a estrutura mercantil da educação superior, pois persistiriam as universidades empresa e a cobrança pelo estudo. Isso não é surpresa, porque o PRO, como a Concertación, é um partido neoliberal. Há que agregar que o PRO não fez nada contra a desocupação.
Os estudantes e a “comunidade organizada” do A-90 podem aproveitar a seu favor a disputa que este partido empresarial iniciou com o PS. Mas não foi o PRO que sustentou durante 6 meses uma ocupação, não foi ele que organizou a auto-gestão. Estudantes, pais e professores devem manter sua completa independência em relação a este partido empresarial. A luta contra o fechamento e para preservar a herança da auto-gestão, é do movimento estudantil, dos pais e professores que suportaram o isolamento, as pressões e a desocupação. Eles são os verdadeiros exemplos de luta e não estes supostos “aliados” de última hora.
28 de dezembro de 2011
Em defesa do A-90: os estudantes que tomaram o rumo da história em suas mãos
Desde a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo viemos manifestar nosso mais profundo repúdio ao desalojamento e a tentativa de fechamento do Liceu A-90 que vem tentando impor Julio Palestro.
Os estudantes do Liceu A-90 são atacados por transformar-se em um exemplo nacional da mobilização da juventude que combate o sistema educacional neoliberal herdeiro do regime de Pinochet. O exemplo de autogestão mantido pelos estudantes do A-90 que, assumiram para si, com enorme apoio dos professores, pais e da comunidade, o controle dos programas, do funcionamento deste colégio, mantendo seu pleno funcionamento por mais de dois meses constitui um exemplo simbólico dado pela juventude chilena a todos os que lutam contra este regime social de exploração, e, portanto, um enorme risco ã manutenção de governos como Piñera, sustentado na perpetuação dos privilégios da classe dominante chilena, nos compromissos com o imperialismo ã custa da exploração e opressão aos trabalhadores, estudantes e ao conjunto do povo chileno.
Para nós, no Brasil, onde a classe dominante passou décadas reproduzindo a ideologia que busca naturalizar a privatização de direitos fundamentais como a educação, o exemplo do A-90 nos entusiasma muitíssimo e aponta o caminho a ser seguido por toda juventude latino-americana e por todos os que lutam por uma educação pública e de qualidade.
Nos solidarizamos incondicionalmente com a luta dos estudantes chilenos e aos nossos companheiros do A-90 pois acreditamos que, em tempos marcados pela crise econômica capitalista, em que os patrões e governos como Piñera preparam medidas mais duras de ataque ás condições de vida e de trabalho, em que a juventude é especialmente atingida, será mais do que necessário generalizar experiências como as do A-90 e forjar uma sólida aliança entre os estudantes e trabalhadores para por abaixo toda a estrutura reacionária que mantém a ordem social de exploração em que vivemos.
Diretoria do Sindicato de Trabalhadores da USP.