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Internacional

Fora as tropas da OTAN do Afeganistão

11/09/2008

Fora as tropas da OTAN  do Afeganistão

Em 22 de agosto último, as tropas da OTAN lançaram um brutal ataque aéreo no povoado de Aziz Abad, no qual morreram pelo menos 90 pessoas, a grande maioria mulheres e crianças. O massacre foi tão evidente que o governo manipulado do presidente Hamid Karzai teve que reconhecer o assassinato perpetrado pelas tropas de ocupação comandadas pelos Estados Unidos e emitiu uma “declaração dura” para frear a indignação que o bombardeio causou.

Com esse brutal ataque, as tropas imperialistas tentam impor um limite ao avanço das diversas milícias armadas de resistência ã ocupação da OTAN e ao governo de Karzai.

O mais recente episódio ocorreu em 18 de agosto, quando dez soldados franceses morreram em uma emboscada a somente uma hora da capital, Kabul, o que indica que os enfrentamentos já não se limitam ás zonas afastadas ou ás províncias onde os talibãs estão reconstruindo suas forças, como em Kandahar, ao sul do país ou na zona fronteiriça com o Paquistão.

Esse ataque, que se soma a outros nos quais morreram soldados britânicos e canadenses, fez os aliados dos Estados Unidos, que enxergam com preocupação a situação se deteriorar, ficarem alarmados enquanto cresce a oposição interna ã participação de tropas desses países no Afeganistão.

Os talibãs e outras forças ligadas aos “senhores da guerra” das províncias do país vem se recuperando, apoiados na crescente oposição ás tropas imperialistas e na impopularidade sem precedentes do presidente Karzai, considerado pela ampla maioria da população como um serviçal dos Estados Unidos. Essa resistência armada afegã atua também no Paquistão onde, nos últimos meses, têm aumentado os atentados reivindicados por grupos islà¢micos em resposta aos ataques do exército dirigido pelos Estados Unidos na “guerra contra o terrorismo”.

No decorrer do ano, as tropas da OTAN sofreram quase 200 baixas, 100 das quais norte-americanas, ao mesmo tempo em que morreram em atentados perpetrados por diferentes forças cerca de 1000 efetivos das forças de segurança e do exército afegão. Essa situação tem levado alguns analistas militares dos principais centros imperialistas, como o norte-americano Anthony Cordesman, a afirmar que "os Estados Unidos está perdendo a guerra contra o talibã, Haqqani, Heymatyar e outras forças antigovernamentais no Afeganistão e enfrenta um ressurgimento da Al Qaeda".

Ainda que isso possa ser exagero, o certo é que a ocupação do Afeganistão, da qual o governo Bush reduziu a importância para se concentrar em resolver a situação no Iraque, agora está atravessando uma profunda crise, combinada com uma importante instabilidade política no vizinho, Paquistão, depois da renúncia do ex-presidente Musharraf. Esta situação se dá em um momento de crescentes tensões entre Estados Unidos e Rússia por causa do conflito da Geórgia pelas regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkhazia, por trás do qual está a tentativa dos Estados Unidos de ampliar a OTAN até a zona de influência russa.

Obama e o Afeganistão

A decadência do domínio dos Estados Unidos depois do fracasso da estratégia neoconservadora de Bush de impor um “novo século norte-americano” por meio da “guerra contra o terrorismo” e as conseqüências internas da crise econômica, são os principais fatores que explicam a “ilusão de mudança” que se expressa na candidatura de Barak Obama e em um possível triunfo democrata nas próximas eleições presidenciais.

No entanto, Obama já começou a decepcionar sua base eleitoral progressista. Em fins de julho, em uma excursão pelo Oriente Médio e pela Europa, o “candidato da mudança” deixou claro que sua política militarista no Afeganistão não difere essencialmente da de Bush. Segundo Obama, no Afeganistão é onde se concentra a “guerra contra o terrorismo” e ele inclusive propôs aumentar as tropas da OTAN “para derrotar a Al Qaeda”. A escolha de Joe Biden, que apoiou a guerra do Iraque e foi um dos artífices da política norte-americana no Bálcãs, como seu candidato a vice-presidente, assim como a escolha de seus assessores em política internacional, mostra a necessidade do imperialismo norte-americano de políticos experimentados do establishment para defender seus interesses em uma situação mundial cada vez mais complicada.

Fora o imperialismo do Iraque e do Afeganistão

A derrota das tropas imperialistas no Afeganistão e no Iraque seria um grande triunfo para todos os explorados do mundo. Diferente do que opinam certos setores da esquerda mundial, como o dirigente da LCR francesa (agora Novo Partido Anti-capitalista) Olivier Besancenot, que pediu “ajuda internacional política, diplomática e econômica e não tropas de ocupação para os que querem resistir contra o talibã”, ou seja, um tipo de intervenção imperialista “humanitária”, nós, marxistas revolucionários, apoiamos a resistência do povo afegão contra a ocupação imperialista e o governo manipulado de Karzai, mas não damos nenhum apoio político aos talibãs e a outras direções islà¢micas que têm um caráter profundamente reacionário e opressor de seus próprios povos. Para derrotar a ocupação militar, é necessário que os milhões de jovens e trabalhadores dos países centrais que se opuseram ã guerra do Iraque e a política de seus governos imperialistas saiam novamente ás ruas.

Traduzido por Beatriz Michel

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