Greve da USP
Fortalecer o comando de greve para expulsar a PM e revogar o convênio!
17/11/2011
Fortalecer o comando de greve para expulsar a PM e revogar o convênio! Lutemos pela retirada dos inquéritos aos 73 presos da USP!
Precisamos utilizar os apoios que temos tido em importantes setores da intelectualidade, de jornalistas e artistas para convencer os mais amplos setores de estudantes que a entrada da PM na universidade, as dezenas de processos a estudantes e trabalhadores e a prisão política de 73 estudantes e trabalhadores na USP, longe de ter o objetivo de aumentar a “segurança”, estão a serviço de impedir todo questionamento ã implementação de um projeto de universidade ainda mais elitista e racista do que é hoje e legitimar a criminalização de um movimento estudantil e um movimento sindical que questionam um projeto de país baseado na naturalização da repressão policial como saída frente ás mazelas sociais provocadas pela pobreza estrutural. Essa é a autonomia universitária que defendemos, a qual não combina com os coturnos da polícia nem tampouco com um reitor que tem laços sinistros com a ditadura militar.
Fortalecer o comando de greve para triunfar!
Na assembléia geral que deflagrou a greve, foi uma enorme conquista a votação de constituir um comando com delegados eleitos nas assembleias de curso. Já foram eleitos mais de cem delegados de base e existe a perspectiva de que sejam eleitos muito mais. Na segunda assembleia geral votamos que o DCE deve subordinar os materiais que falam em nome do conjunto do movimento ás decisões das assembleias gerais e do comando.
O comando de greve com delegados de base é um organismo fundamental para garantir uma verdadeira democracia no movimento, expressando proporcionalmente as posições das correntes e estudantes independentes e garantindo a unidade nas ações. Será decisivo para organizar atividades nos cursos e ampliar a mobilização mesmo se aproximando o fim do ano, ampliar ainda mais nosso apoio entre intelectuais, jornalista, artistas, entidades, movimentos sociais e na população, organizando um grande ato com milhares de estudantes e apoiadores na sexta-feira e um grande show aberto em apoio ás reivindicações do movimento no campus Butantã na próxima semana!
Por isso as gestões do DCE e dos CAs devem participar e construir de fato este comando, junto a todos os setores do movimento, organizando assembléias nos cursos e elegendo delegados!
Por que é necessário impulsionar uma ampla campanha em defesa dos 73 presos políticos da USP como nossa prioridade neste momento?
Os 73 presos políticos da USP foram escolhidos como um símbolo da estratégia de criminalizar e reprimir o movimento, não só para dentro da USP, mas para a política “linha dura” do tucanato em nível nacional. Por isso precisamos colocar de pé uma campanha o mais ampla e democrática possível pela anulação dos inquéritos contra os 73 presos políticos da USP. Essas prisões ficaram conhecidas nacionalmente e vários artistas e intelectuais reconhecidos já se pronunciaram contra esse absurdo.
Precisamos demonstrar a amplos setores da universidade e da população que se 73 estudantes da USP podem ser criminalizados, então os setores mais pobres da população, os trabalhadores terceirizados que sofrem com as enchentes nas favelas e as filas dos hospitais, os sem-terra que sofrem com as bandas de jagunços armados dos latifundiários no campo, estarão muito mais vulneráveis para a serem reprimidos quando protestarem por melhores condições de vida.
Esse é o por quê mais profundo da necessidade de colocarmos de pé uma ampla campanha democrática pela anulação dos inquéritos contra os 73 presos políticos da USP. Se conquistamos isso, a Reitoria estará muito mais enfraquecida para seguir com os demais processos administrativos e judiciais contra estudantes e trabalhadores; ao mesmo tempo em que estaremos muito mais fortes para derrubar os demais processos de perseguição política na USP, lutar pela reintegração do diretor do Sintusp demitido político Claudionor Brandão, combater a criminalização dos movimentos sem-terra, dos sem-teto de todos os setores populares que resistem ã brutalidade repressora do Estado.
Por isso essa campanha, com abaixo-assinado, cartazes, manifesto, fundo financeiro para custos jurídicos etc. deve ser assumida como uma das principais tarefas do comando de greve, referendada pela assembleia geral e as assembleias de cursos.
Um debate sobre qual a estratégia para o movimento triunfar
Desde a brutal repressão do dia 08, os companheiros do PSOL e do PSTU voltaram a participar das assembleias gerais, com as quais tinham rompido desde o dia 01/11, voltando a assumir como suas as demandas do movimento deflagrado a partir da repressão de 27/10 e defendendo a unidade de todos os setores em luta em torno dessas demandas. São muito bem vindos!
Entretanto, insistem em um balanço de que a ocupação da Reitoria foi um erro, denunciando o “método” e a “tática”, acusando a ocupação de isolamento. Apesar de acreditarmos que esse balanço hoje não cumpre um papel central em relação ás tarefas que tempos pela frente para fazer nosso movimento vitorioso, queríamos esclarecer sinteticamente nossa visão sobre esse debate.
Entendemos que essa diferença tática – bem como a diferença nas demais táticas de terem rompido com a assembléia de 01/11 ao ver que tinham perdido uma votação, de terem ido contra a ocupação da Adm. da FFLCH e contra a greve imediata após a desocupação da Reitoria e as prisões políticas – expressam uma divergência de estratégia. Na nossa opinião, são um conjunto de táticas que dizem respeito a uma estratégia que busca se ligar a setores mais amplos dos estudantes adaptando-se ao senso comum pró segurança elitista e privilegiando os espaços eleitorais (as eleições estudantis que ocorreriam no final do ano). Nós, ao contrário, desde o início do processo, adotamos distintas táticas que dizem respeito ã estratégia de nos ligar a setores mais amplos dos estudantes criando uma vanguarda pelo FORA PM que questione o caráter elitista da universidade e o papel que a polícia cumpre fora dela, privilegiando os métodos da luta de classes (ocupações e greve estudantil).
Entretanto, ainda que achemos saudável que esse debate siga (localizando-o como um debate sobre as distintas estratégias), entendemos que ele hoje deve estar subordinado em relação ás tarefas que devem nos unificar para levar o movimento ã vitória. Nesse sentido, vemos duas questões principais:
Em primeiro lugar, não é um erro secundarizarem – como expressam seus materiais, como o adesivo da greve que apaga esse eixo – a campanha pela anulação dos inquéritos contra os 73 presos políticos da USP? Esperamos que esse seja um equivoco, e não um posicionamento de suas organizações em função dos presos serem subproduto de uma tática que vocês com a qual tiveram desacordo. Pois acreditamos que, como vocês declaram, a defesa incondicional dos lutadores frente aos ataques do Estado burguês é um princípio que compartilhamos entre todas as organizações que se reivindicam de esquerda, independente das divergências que tenhamos em relação aos métodos de luta.
Em segundo lugar, chamamos os companheiros a refletirem se não é equivocado a hierarquia que têm dado ao “plano de segurança alternativo”. Como vários intelectuais e jornalistas que apoiam nosso movimento têm dito, o questionamento do movimento dos estudantes da USP ã PM tem elementos que vão muito além do problema da segurança interna na universidade. Na medida em que existem questionamentos ao papel da instituição policial na sociedade, existe um potencial questionador da ideologia dominante da “segurança pública”, que naturaliza a polícia como um “mal necessário”, sem questionar as raízes sociais da violência urbana, ou seja, a pobreza estrutural no país.
A tarefa das organizações de esquerda deve ser potencializar essa tendência, colocando que não á possível uma “segurança ideal” enquanto os negros e os pobres sofrem com uma insegurança real nas favelas, e sim que nossa luta contra a PM se liga ã defesa de que os filhos dos trabalhadores estejam na universidade, de que tenha emprego, saúde e moradia digna para todos, de que os muros da universidade possam ser derrubados. Chamamos os companheiros a refletirem se a hierarquia que dão ã solução da segurança interna não tende a desviar o movimento dessa perspectiva, que obviamente não envolve apenas os estudantes da USP e sim seus aliados potenciais fora da universidade, mas para a qual essa luta pode significar um grande exemplo.
Nesse mesmo sentido da crítica ã adaptação das correntes da esquerda ao elitismo da USP, chamamos os companheiros do MNN, que tem estado lado a lado conosco no movimento, e conformando em comum a chapa “27 de Outubro – unidade na luta contra a PM e os processos”, a reverem sua política de não defender que nossa luta pelo “Fora PM da USP” esteja ligada à luta pelo fim do vestibular e por uma assembléia estatuinte livre e soberana que possa pôr abaixo essa estrutura de poder que carrega a herança da ditadura brasileira!
LIGA ESTRATÉGIA REVOLUCIONáRIA – QUARTA INTERNACIONAL
17-11-2011