FT-CI

Atentados em Londres:

O alto preço das políticas imperialistas de Blair e Bush

09/07/2005

Em 07 de julho o centro de Londres foi sacudido por uma série de atentados com bombas que explodiram no metrô e em um ônibus, no horário de pico em que milhões de pessoas usam os serviços de transporte para se dirigir a seus locais de trabalho ou de estudo. Até o momento, o governo britânico fala de cerca de 50 mortos e 700 feridos.

Os revolucionários internacionalistas da Fração Trotskista pela Quarta Internacional repudiamos este tipo de ação indiscriminada que tem como vítimas trabalhadores, estudantes e setores populares e nos solidarizamos com os familiares dos mortos e feridos nos atentados de Londres. Por outro lado, denunciamos a hipocrisia de Bush, Blair e dos presidentes e primeiros ministros das potências imperialistas que saíram rapidamente a “lamentar” o sucedido e a responsabilizar a rede Al Qaeda pelos ataques, tratando de fazer crer que se trata de “bárbaros” que atentam contra os “valores” e a “liberdade” ocidentais. Na verdade Bush, Blair e seus aliados na chamada “guerra contra o terrorismo”, com a qual pretendem justificar a guerra e a ocupação do Afeganistão e do Iraque, são os principais responsáveis pelos atentados em Londres, como também pelo 11 M em Madri.

Reunidos na Cúpula do G8 na Escócia, os líderes dos países mais poderosos e ricos do planeta, discutem como continuar o domínio sobre o mundo semicolonial. Rapidamente tratam de aproveitar a situação gerada pelos atentados para avançar com suas políticas “anti-terroristas” repressivas, como as leis que atacam as liberdades civis básicas, que autorizam os estados a manter detidos aqueles que considerem como “suspeitos” de terrorismo, ainda que não haja nenhuma evidência contra estes, que permite o uso da tortura, isto é, que legalizam um verdadeiro terrorismo de estado principalmente contra os imigrantes, contra as comunidades muçulmanas e eventualmente contra os que protestem contra suas políticas imperialistas. Isto pode alentar ataques xenófobos contra estes setores.

Hoje tanto os aliados de Bush na guerra de Iraque, como os que se opuseram ã ação militar unilateral buscando o aval das Nações Unidas, deixam de lado essas diferenças para “colaborar na luta contra o terrorismo” e mascarar assim que a verdadeira causa dos atentados é a opressão imperialista, da qual a ocupação militar do Afeganistão e do Iraque por parte dos exércitos mais poderosos do mundo, que até o momento causou a morte de 100.000 civis iraquianos, é uma expressão agravada. Esta política agressiva incrementou a níveis nunca vistos o ódio ao imperialismo norte-americano e britânico.

Mas os atentados como os de Londres não são o caminho para derrotar estas políticas imperialistas. Não só porque as suas vítimas em geral são trabalhadores e setores populares, mas também porque dá argumentos ã reação para justificar suas medidas repressivas, e lhe permite eventualmente aos governos beligerantes - em muitos casos desprestigiados como o de Blair - tentar ganhar base social para a “guerra contra o terrorismo”. Por outro lado, são um golpe ã unidade internacionalista dos trabalhadores e dos oprimidos nos países centrais com seus irmãos nos países semi-coloniais, o único caminho que pode derrotar a política beligerante do imperialismo.

Como dissemos frente aos atentados em Madri em 11 de março de 2004, demonstram total valor as palavras de Trotsky, dirigente da Revolução Russa e do Exército Vermelho “para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para um grande vingador e libertador que algum dia virá para cumprir sua missão”. Mas Trotsky se referia inclusive a grupos terroristas que na Rússia e em outros países tinham como alvo membros individuais da classe dominante ou das forças de repressão, e não a população civil em geral como neste caso. Ainda que não se tenha identificado com certeza os autores do atentado, parece que se trata de uma célula simpatizante da Al Qaeda, uma organização reacionária dirigida por ex-membros da monarquia saudita, inimiga da organização e luta das massas muçulmanas.

É somente a unidade internacional dos trabalhadores e dos povos oprimidos, sua organização e luta que podem acabar com a exploração e as guerras de opressão a que nos arrastaram o capitalismo e os governos imperialistas.

A Grã-Bretanha foi um dos centros da oposição ã guerra de Bush e Blair contra o Iraque. Em Londres temos visto manifestações históricas, com quase dois milhões nas ruas gritando Não ã guerra! e Bush e Blair são o verdadeiros terroristas!

Inclusive nas últimas eleições, Blair sofreu novamente o castigo dos votantes que estão contra a sua política de seguir incondicionalmente a Bush.

Até agora não se desatou uma onda de protestos na Inglaterra, mas está por se definir se Blair vai poder capitalizar a seu favor o clima que se pode haver gerado a partir dos atentados, ou se pelo contrário, isto alimenta ainda mais o repúdio ã guerra e ã participação das tropas britânicas na ocupação do Iraque.

A partir de nossas fileiras chamamos aos trabalhadores, estudantes, jovens, imigrantes e todos os que se opuseram a guerra para enfrentar toda eventual campanha xenófoba ou hostilidade ã comunidade muçulmana da Grã-Bretanha, a redobrar a luta pela derrota da ocupação imperialista no Iraque, em apoio ao povo iraquiano e à luta pela derrota da ocupação imperialista no Iraque, em apoio ao povo iraquiano e à luta de libertação nacional das massas palestinas, e pela expulsão do imperialismo de todo o Oriente Médio!

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