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Tunísia anuncia libertação de todos os prisioneiros políticos.
21/01/2011
21 de janeiro de 2011
BBC
TÚNIS - O gabinete interino da Tunísia anunciou nesta sexta-feira, 21, ter libertado todos os prisioneiros políticos detidos durante o governo do presidente Zine El Abidine Ben Ali, que deixou o cargo e o país na semana passada.
O anúncio, que vem em um momento de luto nacional pelos mortos nos protestos da última semana, é mais uma medida com a qual o atual governo diz querer "romper com o passado" do governo anterior.
Em entrevista ã rádio pública francesa, o ministro tunisiano do Desenvolvimento Regional, Ahmed Nejib Chebbi, disse que outras medidas que devem agradar os opositores de Ben Ali serão tomadas.
"Todos os prisioneiros foram libertados, todos. Depois virá a imunidade para as universidades, em outras palavras, a retirada dos policiais que ocuparam as universidades nos últimos 20 ou 23 anos, desde 1990", disse Chebbi.
"E foram abertos procedimentos contra o ex-presidente, sua família e seus colaboradores. Dois processos estão em andamento na Justiça e as investigações, nas mãos das autoridades."
Luto
O país começou a observar nesta sexta-feira um luto de três dias pela morte de pelo menos 78 pessoas desde o início de janeiro.
Em meio ã repressão violenta, o país está em estado de emergência, e o Exército ocupa a capital. Escolas e universidades continuam fechados.
Na quinta-feira, em sua primeira reunião após a saída de Ben Ali, o gabinete interino anunciou que reconheceria todos os grupos políticos banidos até então, incluindo os islà¢micos, e anistiar os presos políticos. Também foram anunciadas as prisões de mais de 30 integrantes da família do ex-presidente.
Novo governo
A oposição vinha insistindo na formação de um novo governo com uma ruptura total com o passado - e mais especificamente, com o partido de Ben Ali, o RCD.
Segundo a TV estatal, oito ministros que eram do RCD deixaram o partido e continuam em seus cargos no novo governo. Em uma tentativa de se distanciar de Ben Ali, o presidente interino, Fouad Mebazaa, também deixou o RCD.
O gabinete prometeu eleições em seis meses, mas não especificou uma data. Na quinta-feira, soldados tunisianos dispararam tiros de advertência contra manifestantes que se reuniram em frente ã sede do RCD na capital, Túnis.
Também ocorreram protestos fora da capital, nas cidades de Gafsa e El Kef. Foram os primeiros protestos fora de Túnis desde a saída de Ben Ali e de sua família para a Arábia Saudita, na semana passada.