FT-CI

Brasil

Discurso “verde” de Marina Silva subordina a natureza aos interesses capitalistas

25/08/2014

Discurso “verde” de Marina Silva subordina a natureza aos interesses capitalistas

Por Santiago Maribondo

Um dos trunfos de Marina Silva para a campanha eleitoral, um dos fatores que mais exploram seus marqueteiros, é seu discurso ambientalista, ecológico, a defesa de um “capitalismo sustentável”. Como esse discurso Marina Silva aparece como candidata “progressista”, preocupada com questões sociais. Mas quando levantamos o véu da retórica e observamos a questão a fundo vemos que o discurso “verde” da candidata do PSB não passa disso, discurso, e que nas ações práticas longe de ser uma defensora do meio ambiente ela esta inserida na lógica capitalista e sua busca por lucros de forma desenfreada, que leva necessariamente a uma relação destrutiva com nosso meio ambiente.

Muito do mito em torno de Marina Silva se constrói a partir de sua ruptura com o governo petista de Lula, quando ela era ministra do meio ambiente, como se essa ruptura representasse uma grande luta em defesa da causa ambiental. Se é verdade que sua ruptura se deu contra os aspectos mais bárbaros da política do governo Lula em relação ao agronegócio e o famigerado “Código Florestal” aprovado em 2011, durante sua gestão na pasta do meio ambiente avançaram algumas das leis que permitiam maior degradação do meio ambiente. Um exemplo é a Lei de Gestão de Florestas Públicas, que na prática aluga as florestas para a exploração privada. É a privatização de florestas inteiras para os lucros do setor privado. Foi também durante sua gestão na pasta do meio ambiente de 2003 a 2008 que foi aprovado o cultivo de sementes transgênicas. Sua gestão levou ã frente, ainda, uma série de ataques a órgão federais de defesa do meio ambiente como o Ibama, que com todos os seus limites se colocava como uma barreira para o crescimento desenfreado do agronegócio. O Ibama foi desmembrado e esvaziado, facilitando assim a concessão de licenças ambientais para grandes obras que degradam o ecossistema.

O capitalismo leva necessariamente a destruição do meio ambiente

O que se coloca aqui não é um problema moral, mas da lógica efetiva de desenvolvimento do capitalismo, da relação que este sistema tem que estabelecer entre os seres humanos entre si e, a partir disso, desses com seu meio ambiente. A finalidade da produção capitalista não são as necessidades da maioria da humanidade, o bem estar e a qualidade de vida dos trabalhadores, daqueles que produzem realmente o conjunto da riqueza social, mas a busca desenfreada e irracional de lucro por uma pequena parcela da sociedade, os capitalistas.

Apesar da aparente racionalidade, toda a técnica e ciência utilizada pela burguesia na sua gananciosa caçada pelo aumento de seu capital é irracional. O meio ambiente, a natureza, o ecossistema que nos circunda não é visto como insuperável palco de nossa existência, mas espaço onde se possa realizar o maior ganho, onde se possam efetivar os maiores lucros. Na relação com a natureza se reflete a relação central que se estabelece entre os próprios seres humanos, relação baseada não no bem estar coletivo e desenvolvimento comum, mas antes na exploração desenfreada.

Assim como a maioria da população mundial é vista pela burguesia como mão de obra barata a ser explorada visando o maior ganho possível posteriormente, a natureza, o ecossistema, é visto como fornecedor de matéria prima, o mais barata e abundante, não importando seus impactos ambientais, visando o lucro capitalista. Se o tempo de reprodução e recuperação do ecossistema é mais lento e não responde aos ditames e necessidades da reprodução ampliada do capitalismo, se para lucrar cada vez mais e mais rápido é necessário desmatar florestas, poluir o ar e os rios, extinguir espécies inteiras: abaixo a natureza e viva o lucro desenfreado!

A única via para que possamos impedir essa degradação do meio ambiente é construindo uma sociedade nova, em que a finalidade da produção seja a qualidade de vida e o bem estar da maioria da população, dos trabalhadores e dos oprimidos em geral. Em que a produção do conjunto da sociedade e sua relação com o ecossistema seja pensada e planejada de forma democrática, a partir dos organismos dos próprios trabalhadores associados visando o bem estar de nossa geração e das gerações futuras e não só as necessidades imediatas e mesquinhas de uns poucos burgueses.

A produção agrícola deve buscar a alimentação da maioria da população e não a especulação e o lucro dos latifundiários. Para tal, o agronegócio deve ser expropriado e gerido por comitês de operários agrícolas. E uma reforma agrária seve ser feita para que todos os sem-terra e os camponeses pobres possam cultivar se assim o quiserem, com o estado garantindo crédito e insumos baratos, e comprando sua produção para abastecer as cidades. A criação de “cordões verdes” no entorno das grandes cidades, a partir da expropriação dos imóveis utilizados para a especulação, constitui um passo fundamental para aliviar o adensamento das favelas e permitir uma solução de fundo para o grave problema habitacional e de saneamento básico que atinge diretamente a natureza. O desenvolvimento científico no campo, da agronomia, da pecuária, etc. deve estar a serviço da sociedade de conjunto e não de uma pequena camarilha.

Aqueles que podem realmente construir essa alternativa não são os burgueses (e seus “gerentes” provenientes das classes subalternas como Lula e Marina Silva) com discurso “socialmente responsável”, “ecocapitalistas”. São sim os trabalhadores através de sua organização e ação independente na luta de classes, acabando com o pagamento da dívida externa e instituindo impostos ás grandes fortunas para garantir os recursos necessários a essas transformações.

Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)