FRANCIA
Manifestações e choques com a polícia em protesto pela morte de Rémi Fraisse
09/11/2014
Manifestações e choques com a polícia em protesto pela morte de Rémi Fraisse
As cidades francesas de Nantes e Toulouse foram o cenário de fortes choques entre a polícia e jovens manifestantes no sábado dia 1 de novembro. Os jovens se manifestavam em repúdio ã morte de Rémi Fraisse, o ativista ecologista assassinado no domingo passado por um projétil da polícia.
Vários vídeos que circulam desde o fim de semana pelas redes sociais mostram as imagens das manifestações, com a participação de milhares de jovens indignados, e os enfrentamentos com a polícia. As imagens tem um ar de 1968. O governo de Hollande teme a emergência de uma juventude radical.
O prefeito (delegado do Governo) do departamento de Loira-Atlà¢ntico, ao qual pertence Nantes, Henri Michel Comet, disse ã imprensa que nos distúrbios ao menos dois efetivos da força de segurança ficaram feridos e 16 manifestantes foram detidos.
O canal de notícias BFMTV elevou o número total de feridos a menos de cinco, entre membros das forças da ordem e manifestantes.
Nantes é uma das cidades da França que esta semana foram cenário de concentrações pela morte do jovem Rémi Fraisse, de 21 anos, em meio ã repressão da tropa anti-distúrbios contra os ecologistas que protestam contra a construção de uma represa em Sivens.
Em Toulouse, ao sul da França, também se produziram incidentes com a polícia.
Em Nantes os manifestantes levantaram barricadas para impedir o tráfego em algumas das ruas do centro da cidade e a polícia os dispersou com gases lacrimogênios.
O primeiro ministro francês, Manuel Valls, condenou e criminalizou os jovens que protestam pela morte de Rémi Fraisse.
"Uma vez mais, como já ocorreu em Sivens estas últimas semanas, policiais tem sido diretamente atacados com coquetéis molotov e garrafas de ácido suscetíveis a causar feridas graves", apontou Valls.
Além de protestar pela morte de Fraisse, os manifestantes de Nantes, que já tem sido testemunha de choques nas últimas semanas, pretendem paralisar a construção de um aeroporto na localidade de Notre-Dame-des-Landes, a 30 quilômetros.
A concentração convocada em Paris no dia 2 de novembro por parte de distintas organizações, que vai desde o Novo Partido Anticapitalista, até os distintos componentes da Front de Gauche, passando pelo sindicato estudantil UNEF e a Federação sindical Solidaires, foi proibida pela polícia e o governo.
Frente a esta decisão de impedir que se expresse nas ruas o repúdio ao assassinato de Rémi pelas mãos da polícia, as distintas organizações decidiram finalmente não convocar a manifestação. Ainda assim várias centenas de jovens se concentraram para expressar seu protesto, frente um operativo policial impressionante de amedrontamento.
Nos próximos dias se verá se surge um movimento massivo de protestos, nos colégios secundaristas, universidades e além disso, que ponha em xeque o governo de François Hollande, a sua polícia e sua política repressiva e comece a romper com anos de legalismo, em um país onde a juventude e o movimento estudantil atuou muitas vezes como caixa de ressonância das contradições sociais